
17/06/2025 - 15h12
Mais da metade dos profissionais do país buscariam outro emprego se fossem obrigados a aumentar a presença no escritório
Pesquisa global da Michael Page mostra que o percentual brasileiro é maior que a média latino-americana
Não é para todo mundo, mas muitas profissões permitem o privilégio do trabalho remoto, uma tendência até que a pandemia de covid transformou em realidade. E essa possiblidade caiu no gosto dos brasileiros. De acordo com o estudo global Talent Trends, da consultoria de recrutamento executivo Michael Page, 60% dos profissionais do país procurariam um novo emprego se fossem obrigados a aumentar a presença no escritório. Os indicadores do Brasil superam as médias global e da América Latina (58%) e de países como México (53%), Peru (54%) e Panamá (50%). Estão abaixo da média da Argentina (67%), Chile e Colômbia, ambos com 61%.
"Aceitar uma promoção já não é, necessariamente, sinônimo de avanço na carreira. Quando os profissionais percebem que o novo cargo pode comprometer sua saúde mental ou sua rotina pessoal, o bem-estar prevalece. Essa mudança de mentalidade exige que as empresas revisem o conceito de progresso profissional e construam planos de carreira que considerem múltiplas formas de sucesso. Quem entender isso mais rápido, sairá na frente na corrida por talentos", afirma Lucas Toledo, diretor executivo da Michael Page.
Realizada entre novembro e dezembro de 2024, em 36 países, com a participação de aproximadamente 50 mil profissionais, a pesquisa busca alinhar as diferentes expectativas de profissionais e das empresas.
Descompasso nas percepções de produtividade
Quando questionados sobre qual ambiente se sentem mais produtivos, 41% dos funcionários informaram que rendem melhor trabalhando em casa, mas apenas 19% das empresas concordaram com essa afirmação. Já os que preferem realizar suas atividades no escritório somaram 21% e os que acreditam ser igualmente produtivos tanto na empresa como no seu lar, 38%.
Para Lucas, as visões antagônicas de funcionários e empresas sobre a eficácia do trabalho híbrido podem colocar em risco pilares fundamentais como confiança, transparência e parceria. “Para as empresas que adotam o modelo híbrido, encontrar um consenso sobre o que significa produtividade no trabalho remoto pode ser a chave para reduzir essa lacuna de confiança. Produtividade não se resume apenas a entregas. O que é mais produtivo: uma conversa informal durante a pausa para o café ou um dia inteiro de reuniões virtuais? O que distrai mais: um escritório movimentado ou as constantes interrupções de entregadores em casa? A resposta varia de pessoa para pessoa, de função para função."
Maioria dos funcionários não abre mão da qualidade de vida
O levantamento também revelou que a maioria dos profissionais brasileiros recusaria promoção no trabalho para preservar o bem-estar. De acordo com a pesquisa, 60% não topariam um novo cargo ou desafio para colocar a qualidade de vida em risco. Os indicadores do Brasil superam as médias global (48%) e da América Latina (43%)
Os números apontam que equilíbrio entre vida pessoal e profissional deixou de ser um diferencial para tornar-se uma expectativa básica. Quando os profissionais percebem que o novo cargo pode comprometer sua saúde mental ou sua rotina pessoal, o bem-estar prevalece. “Essa mudança de mentalidade exige que as empresas revisem o conceito de progresso profissional e construam planos de carreira que considerem múltiplas formas de sucesso. Especialmente em setores onde profissionais qualificados seguem em alta demanda, o poder de escolha está nas mãos deles”, conclui o executivo.
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