
12/09/2025 - 10h36
Contratação estratégica: sua empresa sabe de quem precisa?
Headhunter aponta os equívocos mais frequentes das empresas na busca por profissionais
Por Jordano Rischter*
Quantas vezes sua empresa já contratou alguém que parecia perfeito no papel, mas que, na prática, não se encaixava? Esse cenário é mais comum do que se imagina e, na maioria das vezes, a raiz do problema não está no candidato, e sim na falta de clareza da própria organização quanto quem, realmente, precisa. Um recrutamento assertivo não é apenas preencher uma vaga, se trata de moldar o futuro da sua equipe – em um processo que envolve muitos cuidados somados para que atinja este êxito.
Um dos cenários mais comuns que encontramos nesse sentido é nos depararmos com divulgações de vagas bastante genéricas e superficiais, não se aprofundando em detalhes importantes como o momento e desafio atuais do negócio, e quais as maiores demandas que esperam solucionar com a contratação de um novo talento. Por mais que, muitas vezes, as empresas recebam um grande volume de aplicações, essa falta de informações pertinentes pode levar a uma baixa qualidade de profissionais que se encaixem nos requisitos desejados.
Outro equívoco bastante presente é na elaboração do processo seletivo em si. Muitas empresas trazem um excesso de etapas que, nem sempre, são bem definidas, além de uma série de interlocutores na expectativa de que essa ampla visão favoreça a escolha do candidato ideal a ser aprovado. Porém, na prática, isso mais tende a desgastar os profissionais do que elevar as chances de uma boa contratação, tornando o recrutamento algo cansativo e correndo sérios riscos de perderem ótimos talentos.
Focar essa análise de competências apenas nas hard skills e deixar de lado as habilidades comportamentais de cada um é outro empecilho bastante enfrentado pelo mercado, uma vez que ainda há uma crença, em alguns negócios, de que essas questões técnicas são mais importantes de serem levadas em consideração neste momento do que as soft skills – o que também pode ocasionar em uma falta de compatibilidade entre as partes.
Todos os problemas destacados acima costumam ser desencadeados de um claro desalinhamento dos gestores quanto quem realmente precisam em seus times, um verdadeiro calcanhar de Aquiles para o sucesso de qualquer empresa. Afinal, contratações erradas levam à perda de tempo, esforços e, claro, investimentos. Um estudo da Harvard Business Review aponta, como prova disso, que substituir um funcionário pode custar de 50% a 200% do salário anual, podendo chegar a 213% para cargos executivos.
Não há uma fórmula ou regra única de como estruturar um processo seletivo eficaz que sirva para todas as empresas. Isso dependerá de uma série de fatores, como o nível e exigência da vaga em aberto, o cenário atual da organização, assim como a disponibilidade dos tomadores de decisão para participar, ativamente, dessas avaliações. O que realmente pode fazer a diferença neste êxito é olhar para as contratações que não deram certo como referências de aprendizado e melhoria futura.
Observe quais armadilhas prejudicaram essa conquista, e quais insumos incorporar para construir um recrutamento mais assertivo. Se pergunte: qual problema essa contratação precisa resolver? O que esperam do profissional dentro de seu primeiro ano para ser bem-sucedido? Quais comportamentos, além dos técnicos, são inegociáveis para que performe bem, dentro deste contexto?
Garanta que os decisores estejam alinhados quanto a essas respostas, e sempre revisite essas informações em casos de mudanças relevantes da organização, como alguma atualização em sua cultura organizacional ou demais alterações de estratégia de negócio, como exemplo.
A assertividade neste processo não é um golpe de sorte, mas um resultado direto de um processo meticulosamente planejado. Ao investir tempo e esforço na compreensão de suas demandas e cultura, as organizações não apenas minimizam os riscos de contratações equivocadas, como também constroem equipes mais coesas, produtivas e, acima de tudo, alinhadas aos seus objetivos estratégicos.
Então, antes de olhar para fora em busca de um profissional “perfeito”, se autoanalisem primeiramente, para que saibam, exatamente, que tipo de pessoa precisam ao seu lado para que somem esforços rumo a um crescimento cada vez mais próspero.
*Jordano Rischter é headhunter e sócio da Wide Executive Search
Foto: Divulgação/Wide