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11/09/2025 - 16h45

54% dos brasileiros vivem no limite do salário, mostra pesquisa

Para executiva da ADP, empresas devem adotar políticas mais abrangentes de reconhecimento e valorização

 

 

A realidade financeira é um desafio persistente para a maioria dos trabalhadores no Brasil, revela o relatório People at Work 2025 da ADP, empresa de soluções de folha de pagamento e RH. Segundo a pesquisa, que entrevistou quase 38 mil trabalhadores em 34 países, incluindo o Brasil, aqui, 54% dos profissionais vivem de salário em salário. O dado destaca a pressão econômica enfrentada no país, onde a capacidade de poupança e a construção de uma reserva financeira para o futuro são limitadas para a maior parte da força de trabalho.

 

Essa parcela expressiva é reflexo de uma vulnerabilidade financeira que se manifesta de diversas formas no mercado de trabalho. Para muitos, a busca por uma renda adicional tornou-se uma estratégia de sobrevivência, já que ilustra a dificuldade em alcançar um patamar de segurança financeira com apenas um emprego. A pesquisa mostra que 19% dos trabalhadores brasileiros possuem mais de uma fonte de renda. Desses, 60%, declararam que sua principal motivação para ter múltiplos empregos é a necessidade imperativa de cobrir despesas básicas.

 

Quando observadas as características demográficas, a pesquisa traz dados reveladores: mulheres (21%) têm uma leve predominância em relação aos homens (17%) quando se trata de atividades paralelas. A faixa etária também influencia: entre jovens de 18 a 26 anos, 25% acumulam mais de um trabalho, percentual que cai para 14% entre os que têm 55 anos ou mais.

 

No entanto, o levantamento da ADP mostra que acumular funções nem sempre resolve o cerne do problema. Em escala global, trabalhadores com múltiplos vínculos empregatícios continuam enfrentando dificuldades para equilibrar o orçamento. Isso indica que o problema está enraizado em fatores estruturais, como a defasagem salarial frente ao custo de vida.

 

Nesse contexto, as organizações têm um papel crucial, de acordo com Loraine Blommendaal, head de Pessoas & Cultura, Produto e Tecnologia Global da ADP Internacional: “A remuneração é o alicerce da estabilidade financeira para a maioria, mas nossos números indicam que até mesmo aqueles com três ocupações ainda encontram dificuldades. Isso representa uma oportunidade para os empregadores adotarem uma política mais abrangente de reconhecimento e valorização.”

 

Especialmente no caso das pequenas e médias empresas, onde os recursos são mais limitados, adotar soluções criativas pode ser decisivo. De acordo com os dados do estudo, alternativas como planos de saúde, auxílios pontuais ou benefícios voltados à família, como ajuda com creche, contribuem para reduzir pressões do cotidiano. Iniciativas como essas demonstram preocupação genuína com o bem-estar dos colaboradores, o que fortalece a confiança e melhora o desempenho das equipes.

 

Loraine lembra que investir em pacotes de valorização que realmente impactem a rotina do trabalhador brasileiro vai além de uma postura ética, é uma decisão estratégica. Isso permite às empresas se posicionarem como aliadas no enfrentamento dos desafios econômicos enfrentados por seus times, ajudando a construir relações mais sólidas e um mercado de trabalho mais equilibrado.

 

 

Foto: Shutterstock