
10/09/2025 - 15h01
Como construir uma relação de confiança com efetividade entre líderes e liderados
Especialistas em Cultura Organizacional comentam dois caminhos, o da confiança prática e pela comunhão
A confiança é um dos pilares mais importantes em qualquer ambiente de trabalho. Sem ela, não há engajamento, colaboração nem desenvolvimento sustentável das equipes. Mas, muitas vezes, a ideia de confiança fica reduzida a algo como “eu confio que ele vai fazer a coisa certa” ou “confio que entregará essa tarefa com qualidade”, que, no entanto, é apenas a superfície de um tema muito mais profundo.
Segundo os especialistas em cultura organizacional Pedro Ivo Moraes e Rodrigo Suzuki, autores do livro Seja a liderança que poucos têm a coragem de ser, (DVS Editora), existem dois tipos de confiança que marcam a relação entre líderes e liderados: a confiança prática, que é mais comum e baseada em trocas, e a confiança pela comunhão, que nasce da intimidade, da conexão humana e do desejo genuíno de construir algo em conjunto.
Entender a diferença entre elas é essencial para líderes que desejam fortalecer suas equipes e para empresas que buscam criar culturas organizacionais saudáveis.
Confiança prática – necessária, mas limitada
De acordo com Pedro e Rodrigo, a confiança prática se estabelece quando um líder acredita que seu liderado tem as habilidades, competências e comportamentos necessários para executar determinada tarefa. Essa é a confiança baseada em fatos, dados e desempenho, construída ao longo da relação e constantemente posta à prova.
Embora seja importante para garantir entregas consistentes, essa forma de confiança segue a lógica do “eu confio porque você me provou que sabe fazer”, o que pode gerar um ambiente de pressão contínua. Afinal, o colaborador precisa provar o tempo todo seu valor e competência. Portanto, apesar de funcional, não é suficiente para criar times verdadeiramente engajados.
Pela comunhão, o próximo nível da liderança
Diferente da lógica da troca, a confiança pela comunhão nasce da qualidade da relação entre líder e liderado. Nesse modelo, a confiança não depende de provas constantes, mas sim de intimidade, afeto, vulnerabilidade e cumplicidade. O liderado faz o que precisa ser feito não apenas porque domina a tarefa, mas porque reconhece o valor do líder e deseja construir algo significativo junto a ele.
Esse tipo de confiança é mais duradouro e difícil de ser quebrado, pois se baseia em vínculos genuínos. Ela cria um círculo virtuoso: quanto mais confiança existe, mais natural se torna a dedicação e a entrega.
Nesse ambiente, os indivíduos são reconhecidos não apenas como profissionais úteis, mas como pessoas integrais, aceitas por quem são.
No cenário atual, marcado por mudanças rápidas, equipes diversas e demandas emocionais cada vez maiores, líderes que se apoiam apenas na confiança prática ficam em desvantagem.
Para os especialistas, a confiança pela comunhão é o que permite formar times resilientes, criativos e comprometidos de verdade. Ela promove segurança psicológica, reduz o medo de errar, aumenta a inovação e gera relações de longo prazo dentro das organizações.
Pedro e Rodrigo afirmam que líderes que desejam se destacar precisam ir além das competências técnicas e adotar uma postura mais humana, baseada no respeito, na escuta genuína e na construção de vínculos sólidos.
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