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16/09/2025 - 16h02

Monitorar funcionários com software requer transparência, alerta especialista

Segundo Nathália Carmo, da IAM Brasil, as métricas nem sempre refletem o contexto real do trabalho

 

 

O uso de softwares de monitoramento de jornada e produtividade no trabalho remoto e híbrido vem crescendo nas empresas brasileiras. Essas ferramentas registram tempo de uso das máquinas, acessos a sistemas internos, volume de entregas e até movimentação de mouse e teclado, oferecendo à liderança indicadores que podem orientar decisões rápidas — mas que também trazem riscos.

 

Segundo Nathália Carmo, especialista em Segurança da Informação da IAM Brasil, logs de rede e integrações com sistemas de tarefas e chamados podem revelar padrões de ociosidade ou falhas de engajamento. “A automação desses dados possibilita à liderança tomar decisões rápidas, mas aumenta a dependência de métricas que nem sempre refletem o contexto real do trabalho”, alerta.

 

A discussão ganhou destaque na última semana após o Itaú desligar cerca de mil funcionários em regime remoto e híbrido, decisão que o banco justificou com base em divergências entre marcação de ponto e atividades registradas nas plataformas de trabalho. O episódio escancarou os dilemas em torno da confiabilidade desses sistemas e reforçou a necessidade de debate sobre seus limites.

 

Entre as principais armadilhas estão:

 

Privacidade e LGPD: a coleta e o tratamento de dados pessoais precisam ser proporcionais, transparentes e alinhados à legislação.

 

Interpretação equivocada: períodos de inatividade podem decorrer de problemas técnicos, reuniões externas, tarefas offline ou questões de saúde do colaborador.

 

Vulnerabilidade de segurança: ferramentas de monitoramento exigem acesso privilegiado e, se mal configuradas, podem se tornar vetores de ataque.

 

Risco reputacional e clima organizacional: a vigilância excessiva pode minar a confiança e gerar desmotivação.

 

A adoção de políticas formais e transparentes de monitoramento é fundamental, com clareza sobre quais dados são coletados e para qual finalidade. Nathália lembra, ainda, que a boa prática deve estar associada à LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), que estabelece princípios como finalidade, necessidade, transparência e segurança.

 

“Para empresas que desejam monitorar colaboradores, isso significa informar previamente quais dados são coletados, justificar sua necessidade com um propósito legítimo, minimizar o escopo da coleta e garantir canais para que os titulares, ou seja,  os funcionários, exerçam seus direitos”, pontua.

 

A combinação entre as exigências legais da LGPD e medidas técnicas e administrativas, como as previstas em frameworks ISO/IEC 27001 e 27701, NIST Cybersecurity Framework e Cobit 2019, ajuda empresas a monitorar produtividade e segurança de forma ética e transparente.

 

 

Foto: Shutterstock