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03/04/2023 - 13h48

ESG: empresas devem se fundamentar em governança para ir além do discurso

O G garante que a responsabilidade socioambiental seja posta em prática, diz especialista

 

 

 

 

O Ministério do Trabalho e Previdência tem atuado em diferentes regiões do país para resgatar trabalhadores em estado análogo à escravidão. Os casos chamam a atenção porque muitas vezes as empresas associadas às práticas criminosas afirmam estar alinhadas aos princípios ESG, o que revela incompatibilidade entre o que dizem e o que de fato praticam. Segundo Uranio Bonoldi, especialista em tomada de decisão, as empresas precisam estar mais atentas ao pilar da governança, porque é ele que vai tornar os discursos em ações efetivas e, assim, impedir que ocorram crimes nas relações de trabalho.
 

"As empresas estão tomando o selo ESG na base do modismo. Muitas vezes, falam sobre o pilar social, o ambiental, e pouco falam em governança, que é o mais importante. É desse pilar que emanam os princípios éticos, os valores corporativos, o alinhamento com o que se prega e o que se faz", salienta o especialista.

 

Em seu livro Decisões de Alto Impacto: Como decidir com mais consciência e segurança na carreira e nos negócios, Uranio frisa a importância dos princípios éticos para o bom desempenho das empresas. "Ter os seus valores bem definidos é o primeiro passo para se colocar em uma trajetória bem-sucedida. Mas é também importante que a ética não fique no plano das ideias. Ela deve nortear as ações em todos as etapas, inclusive na relação com trabalhadores terceirizados", pontua.
 

Quando se pensa em ética e governança, diferentes temas transversais surgem, da cordialidade entre líderes e colaboradores ao respeito às leis e normas de cada setor. E tendo práticas de governança bem estabelecidas, os cuidados com responsabilidade socioambiental se tornam mais fáceis de serem praticados, como uma consequência natural dos valores corporativos.

 

"Além do mais, é mais coerente que, antes de olhar para o contexto socioambiental exterior a uma empresa, se olhe para o contexto interior. Não é contraditório a empresa contribuir para projetos sociais ou ambientais se, internamente, haver trabalhadores sendo desrespeitados, sujeitos a condições degradantes de trabalho, incluindo colaboradores terceirizados?", questiona Uranio.
 

Ele sugere que as instituições não devem tentar ser excelentes em todos os pilares ESG sem que consigam ser plenamente satisfatórias em ao menos um deles. "As empresas têm que entender sua vocação e ser forte naquilo que são boas. Se pela sua área de atuação o cuidado com o social faz mais sentido, então busque práticas coerentes com esse pilar. Não tente dar um passo maior que a perna. Não chame o marketing para alardear mais do que a empresa realmente é. Mais prudente é investir na prática da verdadeira vocação corporativa. Porém, ainda assim, qualquer ação tem que emanar em nível de governança, atentando-se ainda para que não haja reincidências de desvios que fujam dos valores éticos corporativos" finaliza.

 

 

Foto: Shutterstock