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Liderança

14/09/2023 - 11h11

Agilidade e desenvolvimento de pessoas são características que mais faltam nos líderes do país

Pesquisa da Crescimentum buscou compreender as expectativas dos profissionais em relação a seus líderes

 

 

 

 

A Crescimentum, empresa do segmento de educação corporativa, conduziu uma pesquisa sobre o comportamento da liderança no cenário empresarial brasileiro. O estudo revelou que a Agilidade e o Desenvolvimento de Pessoas emergiram como os principais pontos que demandam melhorias significativas, com uma média de apenas 5,8 de satisfação nesses aspectos, em uma escala de 0 a 10.

 

A pesquisa, que envolveu mais de 24 mil respondentes, teve como objetivo compreender as expectativas em relação aos líderes, especialmente no que diz respeito à maneira como eles conduzem suas equipes, gerenciam o negócio e influenciam a cultura das organizações. Os resultados oferecem uma visão valiosa dos principais gaps que requerem atenção na busca pela excelência na liderança corporativa, destacando a importância crescente da agilidade e do desenvolvimento pessoal como fatores-chave para o sucesso organizacional.

 

Segundo Renato Curi, sócio-diretor da Crescimentum, a avaliação foi realizada através de quatro perspectivas diferentes: autoliderança; liderança direta; liderados; e pares e pessoas que têm contato direto, mas sem relações hierárquicas. Cada pilar é avaliado por meio de seis ou sete afirmações de comportamentos, com o objetivo de compreender diferentes aspectos da vivência dessas competências nas organizações.

 

As competências que tiveram as melhores avaliações e, consequentemente, os pontos fortes da liderança brasileira são Colaboração e Segurança Psicológica. Já as maiores oportunidades estão em Desenvolvimento de pessoas e Agilidade, que são as competências que receberam as menores avaliações.

 

“Transformar a cultura organizacional de maneira estrutural exige mais do que simples ajustes. Requer uma intervenção nos sistemas e estruturas desde o nível individual. Já que a transformação organizacional começa com a transformação pessoal das lideranças, pois são as pessoas, não as organizações, que se transformam”, destaca Renato.

 

MÉDIAS DE AVALIAÇÃO

► Colaboração – 6,8

► Segurança psicológica – 6,6

► Autoliderança – 6,5

► Agilidade – 5,8

► Desenvolvimento de pessoas – 5,8

 

COLABORAÇÃO

Para compreender o comportamento da liderança brasileira em relação ao pilar da colaboração, que obteve a maior média de avaliação, o estudo identificou de maneira concreta como a colaboração contribui para o sucesso dos negócios.

 

Perguntas-chave como "Tratar todas as pessoas com igual respeito", "Reconhecer a importância de formar parcerias dentro e fora da empresa" e "Compartilhar recursos, informações e talentos com outras áreas visando ao melhor resultado para a organização" se destacaram como pontos fortes da liderança brasileira.

 

Não é surpresa que esses aspectos ocupem posições de destaque entre as 10 maiores notas na avaliação, demonstrando seu impacto positivo no ambiente de trabalho e nos resultados da organização.

 

SEGURANÇA PSICOLÓGICA

No pilar de segurança psicológica, o estudo identificou que a liderança brasileira obteve a maior nota de toda a avaliação na questão “É uma pessoa em que se pode confiar”. Isso é algo para celebrar, uma vez que sem confiança, todas as demais habilidades têm seu impacto reduzido, para não dizer invalidado.

O ponto fraco desse pilar fica por conta de “Demonstrar vulnerabilidade, assumindo tranquilamente seus pontos fracos e erros”. Parece que, na tentativa de transparecer credibilidade e segurança para as demais pessoas, a liderança se coloca nesse lugar de uma liderança heroica, aquela que precisa ter todas as respostas, não demonstrar suas fragilidades ou da área que lidera, e resolver tudo sozinha.

 

AUTOLIDERANÇA

Boa notícia por aqui, pois o estudo identificou que a liderança brasileira demonstra ter um senso de identidade fortemente alinhado e definido, já que as afirmações “Seus comportamentos refletem seus valores pessoais” e “Demonstra entusiasmo para viver seu propósito” estão presentes entre as 10 maiores notas da pesquisa, na 3ª e 6ª posição respectivamente.

 

Dentro desse pilar, a principal oportunidade de melhoria fica por conta da gestão de emoções, já que “Gerencia com maestria suas emoções, demonstrando paciência e autocontrole” fechou em 5º lugar no levantamento entre as piores notas.

 

AGILIDADE

De modo geral, o estudo observou que a liderança brasileira não tem vivido a agilidade em seu pleno potencial. Isso fica evidente pela presença de duas afirmações entre as dez menores notas de toda a nossa pesquisa, sendo elas: “Assume riscos ao tomar decisões, mesmo sem todas as informações, abrindo mão de alguma previsibilidade” que figurou como a pior nota de todas e “Busca realizar testes rápidos e melhoria contínua, e não apenas elaborar planos robustos e completos”.

 

Na agilidade, quanto menos coisas estão acontecendo em paralelo, mais rápido se caminha. Esse segue sendo mais um desafio da liderança, já que “Tem forte senso de priorização” também aparece como um desafio dentro desse pilar.

 

DESENVOLVIMENTO

Sem dúvidas, desenvolvimento de pessoas é um dos maiores desafios descobertos na pesquisa, considerando que entre os cinco pilares “Desenvolvimento de pessoas” foi o que recebeu a menor média, juntamente com a competência “Agilidade”.

 

O estudo identificou que o que agrava esta competência é que, quando delega, a liderança deixa de apoiar as pessoas em pontos extremamente importantes para que a delegação aconteça de maneira eficaz.

 

De forma geral, a pesquisa mostra que as notas dos comportamentos desse pilar apontam para uma necessidade ainda de maior equilíbrio entre a agenda de gestão e liderança.

 

“Para efetivar mudanças em processos e decisões, é imperativo que a consciência dos líderes evolua. E essa evolução demanda a inteligência coletiva; problemas complexos não encontram solução em poucas mentes, mas sim na colaboração de todas”, completa Renato.

Os comportamentos identificados no estudo tiveram seus principais desafios e sintomas apontados na pesquisa, além de pontos de desenvolvimento, quatro perfis de liderança disfuncionais foram mapeados na pesquisa.

 

Liderança tóxica

► Principais desafios: Falta de paciência e autocontrole, assumir os próprios erros e ser vulnerável, escutar genuinamente as pessoas e gerar um ambiente de falas francas, sem medo.

 

► Alguns sintomas que podem ser percebidos: As pessoas estão se sentindo esgotadas emocionalmente e os índices de afastamento por turnover, burnout ou outros transtornos mentais aumentaram, a liderança não atua proativamente para melhorar a saúde mental e delega essa função para o RH, a liderança não consegue perceber o estado emocional das pessoas do time e ter empatia pelo momento de vida de cada um e a liderança tem encontrado dificuldade em ser paciente e ter autocontrole.

 

► Como combater: Construindo relações de confiança, com letramento, estigmas e fortalecendo o papel da liderança na saúde mental, levantando a importância do bem-estar integral, incentivando a liderança humanizada e inteligência emocional, levando a empatia e diversidade de pessoas para a organização, com alta performance sustentável e gerindo demandas com responsabilidade, além de potencializar a harmonia com a segurança psicológica.

 

Liderança centralizadora

► Principais desafios: Priorizar o desenvolvimento de pessoas, dar feedbacks constantes e fomentar uma cultura de feedback, empoderar o time e deixar que o time construa suas próprias soluções ao invés de dar a resposta.

 

► Alguns sintomas que podem ser percebidos: O turnover é alto e é possível notar a queda no engajamento dos colaboradores, liderados e lideradas não tem clareza de como podem se desenvolver e pedem frequentemente por planos de carreira, a liderança tem dificuldades em abandonar o papel de executor/executora, as pessoas não têm clareza dos objetivos, contexto e indicadores.

 

► Como combater: Empoderando pessoas, construindo uma liderança que mentora, colocando pessoas na agenda como vantagem competitiva, fortalecendo o contexto através da transparência radical, fazendo perguntas a serviço da criatividade coletiva, tendo o feedback constante como aliado do desenvolvimento, formando novas lideranças através da delegação e com conversas de desenvolvimento.

 

Liderança burocrata

► Principais desafios da liderança: Priorizar as demandas do dia a dia, assumir riscos controlados, empoderar o time, realizar testes rápidos e entregas em ciclos curtos.

 

► Alguns sintomas que podem ser percebidos: O negócio deixou de inovar e os competidores estão ameaçando, as tomadas de decisão e ações são lentas e/ou ineficientes, a sua empresa se encontra perdida em meio à burocracia e a liderança tem dificuldade em escolher batalhas e priorizar, a liderança só toma a iniciativa se conseguir estruturar planos extremamente robustos.

 

► Como combater: Enxergando a mentalidade ágil como a melhor amiga da inovação, escolhendo as batalhas certas através da priorização, com tomadas de decisões rápidas e embasadas, acelerando os resultados através do empowerment e olhando para a diversidade como alavanca da inovação e melhores resultados.

 

Liderança omissa

► Principais desafios: Evitar conflitos mesmo quando necessários, ter medo de dar feedback, fomentar a construção de um ambiente psicologicamente seguro e tomar decisões impopulares.

 

► Alguns sintomas que podem ser percebidos: As pessoas têm receio de se posicionar, as pessoas deixam que os erros previsíveis aconteçam mesmo quando têm uma ideia de como solucionar, é possível perceber uma harmonia artificial a partir da ausência de conflitos e as conversas não acontecem no momento que precisam acontecer.

 

► Como combater: Abraçando a tomada de decisão, encarando conversas difíceis e decisões impopulares, comunicando de forma não-violenta, construindo espaços seguros para o conflito produtivo, ressignificando o medo de dar feedback e olhando para os perfis comportamentais e diversidade cognitiva.