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24/07/2023 - 12h36

Para mais de 60% das pessoas, qualidade de vida piorou na volta ao trabalho presencial

Além disso, a maior parte dos profissionais se sente menos produtivo depois de um dia de trabalho no escritório

 

 

Estar presencialmente no escritório era imprescindível até poucos anos atrás em muitas empresas. Porém, depois da pandemia, diversos profissionais passaram a ter novas prioridades, colocando o modelo de trabalho como um critério para aceitar ou não uma proposta de emprego. Uma pesquisa realizada pelo Infojobs e Grupo TopRH mostrou que 64,4% das pessoas que trabalhavam em home office e precisaram voltar ao presencial sentem que a qualidade de vida piorou.

 

O estudo também mostrou que a maior parte dos respondentes (58,3%) se sente menos produtivo ao final de um dia de trabalho presencial e apenas 21,3% se sentem mais produtivo. Muito disso, porque 73,9% afirmam que o RH da empresa não criou ações visando uma melhor gestão e engajamento nesse processo de retomada.

 

Dos respondentes, 47,2% trabalham no formato 100% presencial; 33,2%, no modelo híbrido; e 19,5%, de forma 100% remota. Em 78,5% dos casos, eles não foram consultados pela empresa antes de retornar ao modelo de trabalho presencial ou híbrido.

 

Daqueles que atuam em algum formato com idas presenciais, 55,7% vão presencialmente de cinco a seis vezes por semana e 23,7%, de três a quatro vezes. Entre eles, 58,4% gostariam de mais dias de trabalho remoto e menos presenciais e 85,3% afirmaram que aceitariam uma proposta de trabalho que tivesse mais dias de home office.

 

Para Daniel Consani, CEO do Grupo TopRH, os resultados indicam o tamanho do desafio que os RHs estão tendo que administrar e que tende a ficar ainda maior em um futuro próximo: conciliar as diretrizes da gestão organizacional com aquilo que quer e busca o colaborador. “A maioria das empresas parece querer voltar ao mundo pré-pandemia, sendo que poucas consultaram as pessoas se era isso que queriam", comenta.

 

A pesquisa apontou que há poucas iniciativas para reverter os impactos negativos. As principais foram: horário flexíveis (23,1%), ações pensando em bem-estar e saúde mental (21,8%) e remodelação do escritório (18,4%).

 

“Muitas vezes, o trabalhador gasta duas ou três horas para chegar ao local de trabalho, não só por distância, mas pelo trânsito também. O profissional fica cada vez mais cansado, com menos tempo para fazer um curso, estar com a família, ter um momento de lazer, relaxar, o pode se refletir positivamente no desempenho”, comenta Ana Paula Prado, CEO do Infojobs, complementando que o foco é – e sempre deve ser – proporcionar maior equilíbrio entre as vidas pessoal e profissional, além de criar ações de engajamento, como treinamentos para o desenvolvimento e interação dos colaboradores.

 

Para Daniel, o RH que não está preparado para receber profissionais no presencial e não cria iniciativas pode sofrer com um cenário de mais dificuldades. “Nunca foi tão importante atuar diretamente na construção de uma cultura organizacional forte, que foque na transversalidade e transparência da gestão, entendendo que cultura e propósito devem ir muito além dos ‘muros’ da organização”, opina.

 

Ana Paula salienta que ainda há tempo de reverter esse cenário. “O RH precisa olhar as necessidades coletivas e individuais e estabelecer políticas para tornar a situação mais confortável para todos, sempre apoiadas pelas lideranças, que atuam em linha de frente com os colaboradores. Precisamos levar em consideração que reter talentos é um dos maiores desafios atuais, portanto, empresas que querem manter bons funcionários, precisam conferir e recalcular a rota em tempo real, para garantir valorização e bem-estar de quem trabalha na organização”, conclui.

 

 

Foto: Shutterstock