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09/06/2022 - 10h58

Apesar da tendência de novos modelos de trabalho, profissionais estão retornando ao trabalho 100% presencial

Na contramão, 53% dos entrevistados dizem que o modelo remoto influencia positivamente a rotina de trabalho

 

 

As diferenças de cultura das empresas ficam mais evidentes nesses tempos de transição da pandemia. Apesar de o mundo do trabalho apontar o trabalho híbrido como tendência, uma pesquisa feita pela fintech Onze com 1.595 colaboradores de todo o país regidos pela CLT, mostra que, depois de dois anos, 67% já retornaram ao trabalho 100% presencial, 23% estão em modelo híbrido e apenas 10% seguem 100% home office.

 

Entre os profissionais que seguem em modelo híbrido, 8% trabalham na maior parte da semana em casa e alguns dias presenciais, 8% ficam a maior parte do tempo presencial e alguns dias home office e outros 7% têm total flexibilidade sobre os dias que precisam ir até a empresa.

 

"Apesar da maior parte dos profissionais já ter retornado ao presencial, a percepção sobre os novos modelos de trabalho é positiva. De acordo com a pesquisa, para 53% dos entrevistados a rotina de trabalho melhorou com a adoção do home office ou modelo híbrido. Apenas 8% indicaram que piorou", pontua Fernanda Cortez, coordenadora de pessoas da Onze.

 

O estudo também procurou entender qual seria a reação dos colaboradores se a empresa que trabalha optasse por cortar totalmente a possibilidade de home office. Entre os respondentes, 74% indicaram que ficariam no mesmo emprego sem problema nenhum; 18% afirmaram que continuariam no emprego, mas ficariam incomodados; e 6% disseram que procurariam outro emprego.

 

GERAÇÃO X, Y E Z

A pesquisa indica algumas diferenças entre as gerações. A percepção de que a rotina de trabalho melhorou com o home office, por exemplo, é mais forte na geração Z, aqueles que nasceram entre 1995 e 2010: 60% apontaram as mudanças como positivas.

 

Em relação à geração Y ou millennials (nascidos entre os anos 1980 e início da década de 1990) e para a geração X (nascidos entre 1965 e 1981), 54% e 53%, respectivamente, disseram que a rotina de trabalho melhorou.

 

O corte do home office também é um incômodo maior para os Z: 7% trocariam de trabalho, 37,2% ficariam no mesmo emprego, mas incomodados com a mudança e 53% permaneceriam na mesma ocupação sem nenhum incômodo. Por outro lado, entre a geração X, 82% disseram que se manteriam no emprego sem nenhum problema.

 

AUXÍLIOS E BENEFÍCIOS

Apenas 25% dos entrevistados recebem auxílio home office. Além disso, 38% disseram que a empresa não fornece nenhum equipamento para o trabalho remoto. Para aqueles que recebem, o mais comum é notebook ou computador para exercer as atividades (49%), seguido por acessórios, como mouse, fone e teclado (30%).

 

Segundo os respondentes, os principais benefícios do home office são: menos tempo investido em deslocamento (64%), qualidade de vida (53%) e mais tempo com a família (47%). Outros fatores como mais tempo para organizar a rotina de trabalho (41%), maior produtividade (39%), mais criatividade para trabalhar (31%) e maior motivação (30%) também aparecem entre as vantagens apontadas.

 

"Dentro desse contexto, nós procuramos entender quanto tempo os colaboradores economizam por não precisarem se deslocar até o trabalho: 46% poupam de meia hora a uma hora todos os dias e 30% economizam de uma a duas horas. Há ainda aqueles que economizam de duas a três horas (14%), de três a quatro horas por dia (4%) e mais de quatro horas (3%)", ressalta Fernanda.

 

Já os maiores desafios do home office são as distrações da casa (49%), manter uma boa comunicação no time (37%) e problemas com a conexão de internet (33%). Interrupções familiares e falta de contato social aparecem empatados com 32%, excesso de reuniões com 26% e baixa na produtividade e baixa motivação, ambas com apenas 5% das respostas.

 

Para Fernanda, é importante que as empresas reflitam sobre o cenário. “A meu ver, o cenário de instabilidade econômica impacta profundamente a saúde mental dos colaboradores. Isso, muitas vezes, faz com que as pessoas aceitem as condições de trabalho mesmo que não representem o que elas acham melhor para si. Muitos pensam que é melhor ter que ir todo dia (mesmo que isso impacte negativamente sua vida) do que simplesmente não ter uma fonte de renda. O cuidado com a qualidade de vida das pessoas é uma iniciativa que precisa vir das próprias organizações”, analisa a profissional.

 

Por fim, a executiva prevê que as empresas de perfil mais arrojado e tecnológico vão seguir a tendência do trabalho híbrido de forma que construirão estímulos na dinâmica do escritório que sejam atrativos para que as pessoas efetivamente queiram ir até lá algumas vezes na semana. “Empresas com uma gestão mais engessada e menos diversa provavelmente voltarão com a obrigatoriedade do presencial todos os dias. Isso é algo que reflete muito a cultura de cada organização”, conclui.

 

 

Foto: Freepik/DC Studio