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09/03/2021 - 17h04

Com a pandemia, relações de trabalho precisam ser reinventadas para reter talentos, aponta LLYC

Ativismo, senioridade e reskilling são alguns dos aspectos que pedem mais atenção

 

 

A disrupção provocada pela Covid-19 se somou a uma agenda de trabalho marcada, até então, pelo horizonte iminente da inteligência artificial (IA) e da automação. Estabeleceu-se, a partir da pandemia, um antes e um depois na relação empresa-funcionário. Assim, a partir de agora, as empresas precisam se reinventar para gerir seus talentos de maneira eficaz e produtiva. Essa é principal conclusão de uma análise realizada pela LLYC, consultoria global de comunicação e Relações Públicas, da experiência com seus mais de 450 clientes em 13 países, inclusive o Brasil.

 

A partir desse estudo, a LLYC destaca, no relatório Tendências Talento 2021, três grandes linhas de transformação para este ano. A primeira, que já vinha marcada pela digitalização, se acentuou ainda mais. Está relacionada à necessidade de priorizar o upskilling (adquirir novas competências) e o reskilling (reciclagem profissional) dos colaboradores, seja para gerar vantagem competitivas no mercado, para responder à perspectiva de carreiras mais longas ou para facilitar a adoção de ferramentas de liderança para managers perdidos na deslocalização do trabalho.

 

Estabelecer novos modelos de relação, mais flexíveis, para substituir aquele ainda muito ancorado no passado e com pouca capacidade de resposta para as prioridades atuais dos colaboradores – saúde mental, equilíbrio entre vida pessoal e profissional ou reivindicações de profissionais seniores, entre outras – é a segunda grande mudança.

 

Por fim, a terceira põe o foco na importância crescente da comunicação em um contexto em que o teletrabalho e a antecipação de modelos híbridos podem levar, a médio prazo, à destruição da cultura e do tecido social interno das empresas, e em que o aumento do ativismo dos colaboradores em determinadas causas pode gerar importantes lacunas da confiança.

 

Baseado na Espanha, David González Natal, sócio e diretor sênior global de Engagement da LLYC, reconhece que o mundo vive um momento-chave para o futuro das empresas e, nesse sentido, a relação com funcionários deve estar no centro das decisões.

 

“Concretamente, é necessário que repensemos e reforcemos a cultura em um contexto de dessincronização e deslocalização, que apostemos na formação como uma chave para obter vantagens competitivas e que criemos laços de comunicação mais sólidos com o ativismo crescente entre os colaboradores”, destaca.

 

Para Adélia Chagas, diretora sênior da LLYC Brasil, e uma das autoras do estudo, “as empresas devem estar atentas a questões internas e próximas aos seus colaboradores, para se antecipar às tendências que estão por vir e foram apresentadas no estudo”.

 

Essas são as 10 tendências que marcarão o talento em 2021:

 

 

1 - FUNCIONÁRIO ATIVISTA

Cada vez damos mais importância à posição das empresas sobre determinados aspectos sociais e ao gap que se produz entre os valores que advoga e a experiência real do funcionário. Além disso, existe o crescimento do ativismo digital, que proporciona novas ferramentas e, sobretudo, um clima de contágio emocional muito poderoso. Será necessário, por exemplo, que as empresas estabeleçam instrumentos internos para escutar a tempo e detectar as preocupações dos colaboradores, com suficiente margem de manobra para não cair em uma política reativa ante o fenômeno.

 

2 - FUNCIONÁRIO ETERNO

Apesar dos efeitos da pandemia, é um fato que seremos ainda mais longevos no futuro. Como impactará essa longevidade crescente em modelos nos quais o trabalho físico será cada vez menos relevante pela automação é uma das conversas a serem desenvolvidas  nos próximos meses. Se as empresas não querem correr o risco de perder seus melhores funcionários, embarcados nesta procura de um melhor equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, terão que oferecer modelos mais flexíveis de relação.

 

3 - APRENDIZADO CONTÍNUO

A conversação sobre a necessidade do upskilling e reskilling do colaborador nas empresas não é nova, mas é mais crucial que nunca. A tecnologia havia sido até agora o motor que impulsava as necessidades no processo de aprendizagem, mas o impacto da Covid-19, junto com o crescimento exponencial da IA, disparou essa chave e o fará ainda mais nos próximos meses. As capacidades digitais vão ser em breve um commodity básico em muitas empresas, tão essenciais quanto a leitura. Além disso, alguns estudos revelam que 91% das empresas esperam que a habilidade mais demandada seja a criatividade.

 

4 - OS NOVOS MANAGERS

De acordo com uma pesquisa de PwC, 54% dos diretores financeiros (CFOs) indicam que suas empresas planejam converter o teletrabalho em uma opção permanente. Isso nos situa ante vários desafios, mas um dos mais claros é que os managers terão que reinventar sua maneira habitual de gerenciar equipes se grande parte delas trabalham remotamente. A empatia será uma das chaves para manter a conexão humana das equipes. A produtividade pode acabar sendo o único objetivo, se não for dada atenção a outros âmbitos.

 

5 - DO EMPLOYEE EXPERIENCE AO LIFE EXPERIENCE

2020 separou as pessoas fisicamente, mas, por outro lado, as aproximou mais que nunca. De um dia para outro nos vimos obrigados a trocar as reuniões físicas pelas virtuais. Permitimos que colegas de trabalho, que normalmente víamos apenas em ambientes profissionais, entrassem na intimidade de nossas casas através da janela da webcam. Nos próximos meses, as empresas precisarão criar uma espécie de nova “etiqueta digital” que terá de contemplar elementos novos importantes, como o direito à desconexão ou o respeito à flexibilidade de horários, que possam se adequar às circunstâncias particulares de cada um.

 

6 - DO WHERE AO WHEN

Nem todos os efeitos da pandemia sobre o mundo de trabalho foram negativos. Ao redor do mundo, o cenário que impõe a nova normalidade também apresentou diversas oportunidades para acelerar processos de agilidade e simplificação que as empresas sempre desejaram. As organizações têm uma oportunidade imbatível de se desvincular de processos desnecessários e complexos, beneficiando o caminho a um colaborador que é valorizado por seus resultados, eficácia e compromisso.

 

7 - DO TRABALHO REMOTO AO TRABALHO HÍBRIDO

Na nova normalidade, as pessoas importam mais que nunca. O trabalho a distância estava ganhando terreno inclusive antes da pandemia e hoje temos uma oportunidade de acelerar essa mudança cultural. A revolução dos espaços de trabalho se faz presente. Os escritórios não serão os mesmos e surgem novas formas de trabalhar. Os escritórios deverão converter-se em experiências produtivas, significativas e memoráveis para os funcionários. Um espaço de inspiração e conexão entre pessoas, um lugar de onde se fomente a aprendizagem e o desenvolvimento contínuo.

 

8 - SAÚDE MENTAL NA EMPRESA

Um dos efeitos mais fortes e, muitas vezes, que ganham menos visibilidade da Covid-19 são as consequências que está provocando na saúde mental dos colaboradores. Nos Estados Unidos, uma pesquisa de Human Resource Executive reflete que 45% dos funcionários considerou receber tratamento de saúde mental como consequência da pandemia. Sem dúvida, as organizações devem aproximar-se a esta questão e gerar estratégias efetivas que toquem sistematicamente o problema que, com bastante frequência, é minimizado ou abordado somente tangencialmente.

 

9 - INOVAÇÃO COLETIVA

Estamos em uma era de inovação, inclusive na liderança. O que se espera dos líderes de hoje é que incluam a todos os colaboradores da empresa para criar uma cultura propícia à inovação. Todos temos um lado criativo. Até mesmo os funcionários menos dados a isso são capazes de alcançar metas extraordinárias. A missão das empresas e seus líderes é que toda sua equipe contribua a esse “gênio coletivo”.

 

10 - TALENTO SÊNIOR PARA A RESILIÊNCIA

Dentro das equipes de trabalho, há um grupo que deve ser ainda mais valorizado em uma época na qual a resiliência é mais chave que nunca: os seniores. Estudos recentes já sugerem que os profissionais de mais de 50 anos serão essenciais para a recuperação econômica pós-covid. Sua experiência em lidar com crises geradas pela mudança no entorno e a transformação os fará especialmente relevantes nesta era.