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Gestão de Pessoas

22/06/2023 - 15h11

É preciso detectar e prevenir o assédio virtual e o burnout digital

Para Rebeca Toyama, empresas não percebem que essas práticas impactam a vida dos colaboradores

 

 

 

Com a pandemia de covid-19, o hábito de estar 100% conectado à internet e aos dispositivos eletrônicos se fez necessário para dar continuidade às tarefas laborais e sociais, porém com uma mudança abrupta na rotina profissional, só com o tempo foi possível refletir sobre as consequências negativas dessa nova rotina. Rebeca Toyama, especialista em carreira e comportamento, alerta sobre os dois termos que estão circulando na mídia – o assédio digital e o burnout digital – mostra que o resultado dessas ameaças afasta os colaboradores de uma carreira sustentável e saudável dentro das organizações.

 

De acordo com um levantamento feito pela Agência We Are Social em parceria com a Meltwater, o brasileiro passa uma média de nove horas e meia conectado à internet em um dia normal, mais do que a média global de quase sete horas por dia. E o Brasil está em segundo lugar no ranking dos países mais conectados do mundo.

 

Segundo outro dado, a pesquisa feita pelo Instituto Think Eva junto com o LinkedIn mostra que durante a pandemia houve um grande aumento de casos de assédio virtual, e quem já praticou outras modalidades de assédio se sentiu mais seguro em repetir o ato ilícito por trás das telas no âmbito profissional.

 

São os colaboradores que mais sofrem com o assédio e burnout digital, e segundo Rebeca, tanto as organizações, como os funcionários precisam conhecer mais sobre o tema para mitigar os riscos.

 

O termo burnout já diz, excesso mal gerenciado, então, o esgotamento voltado à conexão mostra os mesmos indícios do burnout ocupacional como: dificuldades de concentração e motivação, irritabilidade, insônia e percepção no aumento da sobrecarga mental.

 

Pesquisas já mostraram que, quanto maior o tempo conectado aos dispositivos digitais, maiores são as consequências para o bem-estar físico e mental. E combinando o esgotamento digital com o assédio virtual no ambiente de trabalho, o risco de sobrecarga é ainda maior porque passamos a maior parte do tempo que estamos acordados em frente a uma tela.

 

"Quando falamos de burnout junto com o assédio digital observamos a importância do papel dos gestores e líderes, para o bem e para o mal. Antes da pandemia já se falava em assédio virtual, mas com a chegada forçada do home office, nem todas as empresas souberam lidar com os funcionários longe de seus olhos e a desconfiança da execução de tarefas e cumprimento de metas acabou gerando excesso de mensagens, e-mails e ligações fora do horário de trabalho, interrompendo momentos pessoais muitas vezes com cobranças e reclamações" comenta a especialista.

 

ASSÉDIO VIRTUAL CORPORATIVO

O assédio virtual corporativo ou cyberbullying consiste no uso repetido e sem consentimento da tecnologia, para extrair ou divulgar informações de um indivíduo com quem se tem uma relação de trabalho, com o objetivo de ofender, intimidar ou perseguir.

 

E pode se constituir um crime quando representar atentado à intimidade, à honra e à privacidade da vítima. Portanto, vale lembrar que tanto o assédio sexual como o moral podem também estar inseridos nessa modalidade, pois é possível serem feitos a partir de dispositivos conectados à internet.

 

Para Rebeca, muitas vezes os gestores e líderes não têm noção do impacto que esses atos tem sobre a saúde mental dos colaboradores. "O aumento da presença da tecnologia na vida das pessoas e empresas têm demandado um grande esforço de aprendizagem, e muitas vezes um gestor ou líder não tem ideia do impacto de seus atos na saúde mental e física de sua equipe", alerta.

 

A especialista ainda explica que o assédio virtual somando ao burnout digital afasta os profissionais de uma carreira saudável, uma vez que afeta a saúde e o bem-estar, gera um ambiente tóxico, prejudica a produtividade e a motivação no trabalho, além de ainda causar danos à reputação da empresa.

 

"Todas as empresas devem proporcionar um ambiente de trabalho seguro, saudável e sustentável, e buscar erradicar qualquer prática que possa colocar em risco o bem-estar físico, mental e social dos seus colaboradores", finaliza.

 

Cinco ações para ajudar as empresas e seus líderes
no combate ao burnout digital e assédio virtual

 

1 - Estabeleça uma política clara de prevenção

Desenvolva e implemente uma política robusta que aborde especificamente o assédio virtual e o burnout digital. Certifique-se de que todos os funcionários estejam cientes da política, entendam suas diretrizes e consequências. Lembre-se de que a prevenção requer um esforço contínuo.

 

2 - Promova a conscientização e a educação

Realize treinamentos regulares para educar os funcionários sobre o qualquer tipo de assédio. Aborde as definições, os impactos e as formas de prevenção. Incentive a diversidade, a inclusão e a equidade.

 

3 - Crie canais de denúncia e procedimentos seguros

Estabeleça mudança efetiva para que os funcionários possam relatar casos de assédio virtual e buscar apoio em relação ao burnout digital. Garanta que esses canais sejam acessíveis e livres de represálias.

 

4 - Promova um ambiente de trabalho equilibrado

Estabeleça políticas que incentivam os funcionários a desconectarem-se do trabalho fora do horário de expediente, a tirarem férias e cuidarem da sua saúde física e mental.

 

5 - Monitore e avalie constantemente

Esteja atento aos sinais. Realize pesquisas de clima organizacional, promova estimativas regulares e esteja aberto ao feedback dos funcionários. Use essas informações para identificar áreas problemáticas e implementar medidas preventivas seguidas.

 

 

Foto: Shutterstock