16/03/2021 - 16h20
Digitalização do RH: mais tempo para o que realmente importa
A tecnologia tem ajudado os líderes a dependerem menos da área, diz a VP de Gente do Grupo Algar neste artigo
Por Eliane Garcia Melgaço*
Se antes de 2020 ainda tínhamos céticos sobre a importância e a urgência de digitalizar o RH, acredito que agora eles sejam definitivamente uma espécie em extinção. Com a chegada da pandemia, empresas que ainda não estavam nessa direção foram obrigadas a correr atrás do prejuízo e tornar os sistemas da área de Talentos Humanos digitais e integrados a toque de caixa.
Certamente foi um desafio e tanto digitalizar ferramentas para permitir a gestão e o trabalho remotos, até mesmo para quem já estava adiantado nesse caminho. Mas hoje está claro que a digitalização do RH traz uma eficiência indispensável para que gestores possam se concentrar naquilo que mais importa: cuidar das pessoas.
A digitalização envolve repensar e agilizar a jornada fim a fim dos colaboradores, em todos os seus pontos de contato com uma companhia. Começa já nas etapas de atração, recrutamento e seleção, avançando para o treinamento e desenvolvimento, a gestão de performance e contratação/apuração de metas, até o momento da rescisão. Um exemplo prático que posso citar é que, no processo admissional do Grupo Algar, todo o trâmite é remoto desde o ano passado e já estamos, inclusive, começando a realizar interações por meio de bots, usando a cognição para ter um atendimento mais ágil no momento da entrada.
Esses processos podem e devem ser facilitados pela migração para o meio digital – garantindo uma melhorar experiência para os colaboradores (ou associados, como chamamos no Grupo Algar) e permitindo a coleta de indicadores sólidos e integrados pela área de Talentos Humanos. Os líderes, por sua vez, passam a depender menos do RH para executar algumas demandas que antes exigiam espera. Com a jornada do seu time inteira digitalizada, eles têm a possibilidade de acessar dados a qualquer momento e ganham muito mais autonomia para a tomada de decisões.
E qual a parte mais significativa de tirar da frente do líder toda a parte burocrática? É que ele passa a ter mais disponibilidade para pensar na estratégia do negócio e para se dedicar, de fato, ao seu papel de gestão de pessoas. Na prática, isso se traduz em mais tempo para ouvir, estar próximo, entender as demandas da equipe, inspirar, tirar impedimentos e dar condições para despertar o melhor de cada um e seu espírito inovador.
Afinal, por mais que você tenha ferramentas online que facilitem e agilizem o dia a dia, elas jamais serão suficientes por si só. A tecnologia vem sim se provando como uma aliada fundamental para o RH, entretanto, ela jamais substituirá a capacidade humana de empatia e motivação. Serão sempre necessárias a criatividade e a proximidade para conseguir o engajamento dos colaboradores em torno de um objetivo comum, para fortalecer a cultura e incentivar os comportamentos para que ele seja alcançado.
A pandemia não escancarou apenas a relevância do digital – no mesmo nível, ela também deu um choque de realidade nas organizações sobre a importância de resgatar o lado humano que em muitos casos havia se perdido. Resgatar a empatia, o cuidado, a capacidade de ir além dos números e enxergar cada colaborador como um indivíduo, com características e necessidades particulares. Entre as tantas lições aprendidas, ficou que a digitalização e o cuidado com as pessoas são, na verdade, complementares e interdependentes. Digitalização não pode ser sinônimo de distanciamento, muito pelo contrário.
*Eliane Garcia Melgaço é vice-presidente de Gente do Grupo Algar
Foto de abertura: Chacur/Victor Jucá