02/12/2016 - 10h00
Voluntariado corporativo e responsabilidade social
Por Reinaldo Dias e Vanessa L.Z. Ramos*
Nos últimos anos houve um incremento do número de organizações que fomentam entre seus funcionários a participação em iniciativas de voluntariado, geralmente em colaboração com ONGs e que pressupõe o estabelecimento de laços de compromisso com atividades de natureza comunitária. Por seu impacto positivo dentro da empresa e nas comunidades onde ocorre, é uma das melhores práticas de responsabilidade social. Essas atividades constituem iniciativas de voluntariado corporativo ou empresarial.
As definições de voluntariado corporativo são várias, como a da Instituto Ethos, para o qual voluntariado empresarial “é um conjunto de ações realizadas por empresas para incentivar e apoiar o envolvimento dos seus funcionários em atividades voluntárias na comunidade”.
Já o Instituto Votorantim em seu “Guia de Voluntariado Empresarial” afirma que este engloba um conjunto de ações realizadas pela empresa para incentivar, apoiar e reconhecer o envolvimento de seus empregados em atividades voluntárias. Para o Instituto um “Programa de Voluntariado Empresarial” é, por sua vez, “um conjunto de iniciativas orquestradas e sistemáticas que uma empresa realiza a fim de oferecer suporte a essas ações”.
Seja qual for a definição elas definem uma modalidade específica de voluntariado que se desenvolve na empresa. É uma combinação do voluntariado tradicional, que mostra o desejo individual das pessoas de colaborar em prol de aspectos sociais e ambientais, com a crescente demanda de maior responsabilidade por parte das empresas no contexto de suas atividades.
O voluntariado corporativo é uma expressão da responsabilidade social empresarial (RSE), deve ser entendido como um importante fator na criação de uma imagem externa positiva, além de melhorar o ambiente interno de trabalho, reforçar a coesão dos funcionários e consequentemente valorizar o trabalho em equipe. Nesse sentido, o voluntariado corporativo também se constitui em ferramenta de recursos humanos, tornando a ação social praticada pelas empresas, em essência filantrópica, para uma questão estratégica no âmbito da gestão de pessoas.
Há diversas formas de ação empreendidas pelas empresas. Algumas destinam um dia específico do mês onde todos aqueles interessados em participar utilizam seu tempo e talento para uma causa comum. Outras o fazem liberando um período do dia, por semana, para os voluntários desenvolverem uma ação comum voltada para beneficiar uma comunidade específica.
De qualquer modo, ocorre a mobilização utilizando das empresas o tempo, os talentos, a energia e os recursos para que seus empregados contribuam para a comunidade, o que inclui compromisso de longo prazo, desenvolvimento de capacidades e tarefas concretas, transferências de capacidades, desafios do trabalho em equipe e o apoio da empresa aos projetos.
A participação dos funcionários em programas de voluntários corporativos satisfaz a necessidade de relacionamento interpessoal e de integração, aumentando o sentido de pertencer ao grupo, criando fortes laços de identidade e cooperação, aumentando a capacidade de enfrentar os problemas cotidianos e as crises que porventura surjam.
Os participantes de programas de voluntários corporativos desenvolvem habilidades de relacionamento e comunicação interpessoal, de participação em processos de decisão, de coordenação e liderança no trabalho em equipe. Além disso, a diversidade e o imprevisto do trabalho voluntário criam situações que permitem o surgimento de talentos e potencialidades antes desconhecidos pela empresa.
As vantagens são inúmeras para todos os envolvidos em voluntariado corporativo, e deve ser visto como uma oportunidade para aprofundar as políticas estratégicas de gestão da Responsabilidade Social, e ao mesmo tempo fortalecer as relações de colaboração entre a sociedade civil organizada e as empresas. Estas, por sua vez, devem compreender que há um enorme potencial nessa mobilização comunitária do capital humano das empresas que lhe beneficiará a médio e a longo prazo, tanto nos processos internos de gestão, quanto em imagem externa.
*Reinaldo Dias é professor doutor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, campus Campinas, e Vanessa L.Z. Ramos é bolsista de iniciação científica da mesma universidade