Notícia

Tendências

09/11/2023 - 13h10

Inteligência artificial não será usada para recrutamento de líderes

Para o consultor Marcelo Arone, apesar das vantagens competitivas, a IA não substitui o necessário olho no olho

 

 

Com seus benefícios e desafios, a Inteligência Artificial (IA) movimentou o segmento de recrutamento e seleção de talentos. Apesar das vantagens, na contramão do mercado, Marcelo Arone, headhunter, especialista em processos de transformação e profissionalização e fundador da Optme RH, afirma que a IA não está no caminho das grandes contratações.

 

“Apesar de ser totalmente a favor da tecnologia e ter certeza de que a inteligência artificial veio agilizar e ampliar o potencial do mercado de seleção de candidatos, ajudando a automatizar tarefas repetitivas e reduzir inclusive erros na hora de selecionar muitos candidatos, ela não tem real serventia quando falamos de contratações de primeiro escalão. Inclusive, se pesquisarmos os resultados da atuação da IA no recrutamento, vamos ver que todas as medições estão ligadas a experiência, desempenho e produtividade. Todas estão ligadas a fatores técnicos. Nesse âmbito, a contribuição da tecnologia é incrível, não se pode negar”, avalia Marcelo.

 

Mas, na visão dele, existe um “porém”, já que uma das características mais difíceis de se medir e que mais pode fazer diferença em uma contratação, especialmente no alto escalão, é a imprevisibilidade humana. Coisas como alterações de humor, cordialidade, clareza na comunicação, olho no olho e outros detalhes não podem ser medidos pela tecnologia.

 

“É possível pensar diferente do mercado e se perguntar: como a tecnologia pode escolher o melhor gestor para sua companhia? De que forma ela vai entender que aquele cara, mais do que uma sumidade no conhecimento que adquiriu, também é ponta firme e vai gerar segurança e bem-estar para uma equipe?”, reforça Marcelo. A resposta, segundo ele, é clara: “não vai. É nesse sentido que um headhunter experiente, que consegue aliar a tecnologia com técnicas de recrutamento, fará toda a diferença”, confirma.

 

De acordo com alguns sites de recrutamento, o uso da IA pode diminuir em até 70% o tempo para realizar um processo de seleção e aumenta a chance de ter mais candidatos com a expertise técnica necessária. Mas, reafirma Marcelo, é o olhar do recrutador, aliado à experiência dele sobre a cultura e os valores dos clientes, que vai orientar a escolha da pessoa certa para o cargo certo.

 

Para ele, o que precisa acontecer é uma adaptação a novas ferramentas, numa espécie de “darwinismo corporativo”, termo utilizado pelo especialista para se referir à capacidade das pessoas, no mundo atual, de ajustar suas habilidades para o que o mercado demanda. “Mas”, enfatiza Marcelo, “quando falamos em contratações de milhões, em um cenário muito mais restrito e especializado, não creio que perceberemos muitas mudanças”.

 

Talvez, a maior adaptação precise acontecer da porta da empresa para dentro: “os novos líderes precisam estar cada vez mais tecnológicos e se adaptar aos processos de inovação. Mas escolher um grande líder ainda é, no final das contas, uma capacidade 100% humana”, finaliza.

 

 

Foto: Shutterstock