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Gestão de Pessoas

04/07/2025 - 12h46

PJ x CLT - Especialistas elencam os maiores erros das empresas na contratação

Falta de padronização em critérios de remuneração está na lista das executivas da Icon Talent

 

Contratar profissionais como PJ (pessoa jurídica) e tratá-los como celetistas (CLT) pode custar caro. Ignorar benefícios obrigatórios da CLT também traz riscos trabalhistas sérios — e os números comprovam isso. Em 2024, o número de novas ações na Justiça do Trabalho ultrapassou 2 milhões, marca que não era registrada desde 2017. Foram 2.117.545 novos processos, motivados principalmente pelo descumprimento de direitos básicos, como multa de 40% do FGTS, verbas rescisórias, horas extras e adicional de insalubridade.

 

É nesse cenário que a empresa de recrutamento e seleção Icon Talent, com mais de 4.500 contratações realizadas, mapeou as práticas mais comuns e os erros mais graves cometidos por empresas de diversos portes no Brasil ao estruturar suas estratégias de contratação. Entre os fatores mais críticos estão: falta de padronização nos critérios de remuneração, enquadramento contratual inadequado e falhas na gestão de pessoas.

 

Segundo o levantamento, que levou em consideração dados de 320 empresas de 47 cidades atendidas pela empresa, 62% das companhias adotam práticas típicas de CLT em contratos PJ, como controle de ponto, exigência de exclusividade e subordinação direta. Além disso, 35% das empresas não formalizam adequadamente os termos da contratação, abrindo margem para disputas legais.

 

“Além de representar risco jurídico, o desconhecimento sobre os limites legais de cada regime é um dos principais motivos de alta rotatividade nas empresas”, afirma a CEO Christina Curcio.

 

A análise também mostrou que o regime PJ apresenta o maior índice de turnover (31%), com permanência média de apenas 14 meses. Já os profissionais contratados via CLT permanecem, em média, por dois anos. De acordo com Christina, contratos mal estruturados e gestões que desrespeitam a autonomia do PJ estão entre as principais causas de rotatividade e ações judiciais por vínculo empregatício.

 

Entre os riscos mais recorrentes, ela destaca: 

 

Subordinação direta e jornada fixa, que favorecem o reconhecimento de vínculo empregatício;

 

Exigência de exclusividade, que pode gerar autuações e encargos retroativos; 

 

Pagamentos mensais fixos sem detalhamento contratual, o que configura indício de “CLT disfarçada”.

 

Como prevenir distorções e riscos

Para Janaina Lima, COO da Icon Talent, a coexistência de diferentes regimes de contratação exige clareza e coerência interna. “A ausência de regras objetivas impacta diretamente a cultura da empresa e pode gerar desigualdades percebidas entre colaboradores e prestadores de serviço”, alerta.

 

Como pilares para uma contratação segura, as executivas recomendam:

 

Definir claramente as atribuições, metas e forma de prestação de serviço; 

 

Elaborar contratos detalhados com cláusulas específicas para cada regime;

 

Estruturar planos de cargos e salários para funções CLT; 

 

Evitar estender benefícios exclusivos da CLT a profissionais PJ; 

 

Contar com apoio de especialistas em RH para revisar contratos e prevenir riscos.

 

 

Foto: Shutterstock