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13/05/2025 - 11h18 Artigos

Futuro do trabalho: a IA vai roubar meu emprego?

Para Cammila Yochabell, recursos como ChatGPT e DeepSeek são aliados de quem se mantém qualificado


 

 

Por Cammila Yochabell*

 

Entre as décadas de 1960 e 1980, fazer um curso de datilografia era considerado requisito primordial para conseguir qualquer emprego. Nos anos 1990, com a chegada dos computadores pessoais, todos buscavam se qualificar estudando Windows e o pacote de programas Microsoft Office. Os tipos de formação de cada época, embora separados por uma considerável diferença no que se refere a tecnologia, tinham um ponto em comum: ainda eram a base para tarefas repetitivas, como digitar números com rapidez, escrever textos ou preencher planilhas, por exemplo. 

 

No entanto, a chegada da informática começou, já na década de 1990, a acrescentar outras demandas para os profissionais. Habilidades técnicas continuaram sendo importantes, mas a capacidade de adaptação passou a ser cada vez mais valorizada. A globalização e a expansão da internet, por sua vez, transformaram o mercado de trabalho. Atributos como facilidade de comunicação e de atuar em equipes multiculturais, por exemplo, entraram no rol de necessidades para ser um profissional mais dinâmico.

 

Agora, estamos vivendo uma nova revolução com a chegada da Inteligência Artificial (IA), que pode ajudar as empresas a serem mais rápidas e eficientes. Através de um recurso chamado Big Data, por exemplo, algoritmos de IA analisam milhares de dados em segundos, trazendo resultados que dão subsídios para melhores tomadas de decisões. No entanto, ao mesmo tempo em que estabelece um novo paradigma para o mercado de trabalho e até para a vida das pessoas, essa IA assusta pela rapidez com que as mudanças estão acontecendo e pela sensação de que a maioria dos empregos existentes hoje serão extintos. 

 

Apesar do que muitas pessoas pensam, o que temos na era da IA, na verdade, é um amplo leque de possibilidades. Ela não vai tirar o lugar dos seres humanos, e sim levá-los para uma nova instância em que as características que nos distinguem das outras espécies vivas do mundo serão mais evidenciadas. Somos os únicos do planeta com capacidade de raciocínio complexo, linguagem avançada, criatividade, consciência de nós mesmos e habilidades de planejamento em longo prazo. 

 

Hoje já temos hotéis no Japão, por exemplo, em que robôs fazem tarefas mais simples de atendimento, como check in, check out e algumas funções básicas do serviço de quarto. Mas em situações mais complexas, inerentes à nossa existência, há nesses hotéis um time de profissionais humanos para resolvê-las. O que faz um robô diante de um hóspede que está tendo um problema grave de saúde e precisa de atendimento médico urgente? Provavelmente vai reportar o incidente a um funcionário humano.

 

Novas oportunidades e mais exigências em cargos tradicionais 

Engenheiros de IA, treinadores de modelos de aprendizado de máquina, especialistas em ética de IA, analistas de dados, desenvolvedores de algoritmos e até profissionais de suporte para chatbots e assistentes virtuais estão entre as profissões criadas ou evidenciadas com a nova era. 

 

Além disso, continuam necessários trabalhos que não exigem muito conhecimento técnico, mas precisam de habilidades humanas básicas como empatia, atenção dedicada a particularidades de cada cliente e tarefas que exigem contato direto com as pessoas. É certo, por exemplo, que cargos tradicionais, como operador de telemarketing, corretor de imóveis, agentes de viagens, trabalhador de linha de montagem e recepcionistas vão se transformar e ficar cada vez mais integrados com as ferramentas de IA.

 

Em resumo, o que une todos os profissionais, indiferentemente do nível de qualificação, é que trabalhar na era da IA demanda características pessoais que as máquinas ainda não conseguem replicar facilmente, como criatividade, pensamento crítico, inteligência emocional e capacidade de comunicação. 

 

Por isso, quem quer garantir seu lugar nesse futuro que já chegou, cursos e treinamentos em áreas que envolvem inovação, resolução de problemas e habilidades essencialmente humanas (como liderança, negociação e empatia) são importantes para garantir uma boa colocação ou mesmo para manter a empregabilidade.

 

O investimento em formação, vale ressaltar, precisa ser contínuo. As ferramentas de trabalho evoluem com grande rapidez e acompanhar esse processo, se atualizando sempre, é um diferencial. Por fim, ser flexível e adaptável a novas funções e à necessidade de se reinventar conforme o mercado evolui também são fatores indispensáveis nesse novo universo.

 

A TV ou o podcast não substituíram o rádio, o streaming não "matou" o cinema e o smartphone não extinguiu o computador. Todas as mudanças exigiram adaptações para que o novo pudesse conviver com o que já existia. Assim também é o mercado de trabalho: não vemos mais máquinas de escrever no escritório, mas continuamos precisando de pessoas para solucionar questões e desafios complexos que se apresentam todos os dias em qualquer empresa.

 

 

*Cammila Yochabell é fundadora e CEO da Jobecam 

 

 

Foto: Paulo Liebert

 

 

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