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07/10/2022 - 16h24

Mulheres ainda representam menos de 40% da força de trabalho global, aponta pesquisa da Bain

Com base no estudo, consultoria dá orientações para reduzir desigualdade

 

 

 

Uma pesquisa global realizada recentemente pela consultoria Bain & Company mostra que as mulheres ainda representam menos de 40% da força de trabalho global e que essa participação está diminuindo em países de crescimento mais rápido e de baixa renda, onde há mais mulheres sem educação universitária. De acordo com Luciana Batista, sócia da Bain & Company, capacitar mulheres e estimular sua participação no mercado de trabalho será fundamental para reduzir a carência de profissionais. “Mesmo com diferenças culturais e socioeconômicas, todos os países têm a possibilidade de ampliar a participação feminina. Para isso, é preciso compreender semelhanças e diferenças entre homens e mulheres no ambiente profissional como ponto de partida para alcançar a equidade de gêneros e conquistar novos talentos”, orienta.

 

De acordo com o estudo, homens e mulheres têm motivações semelhantes no trabalho, priorizando orientação financeira e companheirismo. No entanto, a pesquisa mostra que há três desequilíbrios significativos entre os gêneros na força de trabalho:

 

A escolha da profissão ainda segue estereotipada

Apesar de enraizada nas expectativas da primeira infância, a escolha ainda apresenta dominância masculina nos cargos de engenharia e computação, ao passo que profissões com foco no cuidado, como educação e saúde, são preferidas pelas mulheres. A diferença, inclusive, está crescendo: o número de mulheres que se graduou como bacharel em ciência da computação caiu de 33% em 1980 para 21% em 2018 nos EUA e a situação é semelhante em todo o mundo.

 

A flexibilidade tem importância maior para as mulheres

Embora homens e mulheres tenham citado a flexibilidade como um interesse comum no início de suas carreiras, à medida que as pessoas envelhecem, em alguns países ela passa a ganhar mais importância entre as mulheres e diminui para os homens. Nos Estados Unidos, duas vezes mais mulheres trabalham meio período do que homens, o que contribui para a disparidade salarial. Na Holanda, por exemplo, três quartos das mulheres trabalham meio período, principalmente para equilibrar os cuidados com os filhos e o trabalho.

 

Há preconceito nos locais de trabalho

Diversas empresas apresentam estruturas e comportamentos em que o preconceito está enraizado, de forma consciente ou não. Isso leva a um tratamento diferenciado para as mulheres, que muitas vezes acabam por assumir apenas trabalhos administrativos ou não têm visibilidade para promoções e projetos estratégicos.

 

Com base nos resultados da pesquisa, a Bain levantou cinco pontos que podem reduzir a desigualdade entre gêneros, não apenas empoderando as mulheres, mas melhorando a força de trabalho em geral. São eles:

 

1. Desconfiar das estatísticas: nenhum grupo demográfico é igual e é importante que as empresas reconheçam que vários fatores compõem a experiência de vida de cada um.

 

2. Combater ativamente o preconceito de gênero: as empresas podem desafiar ativamente essa situação ao incorporar esforços concretos, a começar por ações internas.

 

3. Promover a inclusão: menos de 30% das mulheres e dos homens se sentem totalmente incluídos no trabalho. Como aqueles que se sentem excluídos são mais propensos a pedir demissão, a inclusão é fundamental para atrair e reter os melhores talentos.

 

4. Apoiar a flexibilidade: a pandemia mostrou que o home office não diminui a produtividade e que vale a pena mantê-lo como opção. Mais de 60% dos trabalhadores dos EUA não querem voltar ao escritório em tempo integral. O tratamento equitativo dos funcionários, independentemente do modelo de trabalho, é fundamental para o sucesso.

 

5. Criar programas de requalificação: cerca de 90% das mulheres querem voltar ao mercado de trabalho, mas apenas 40% realmente conseguem. Quase três quartos das mulheres que tentam retornar ao trabalho após uma licença voluntária têm dificuldade em encontrar um emprego. Os programas certos podem atingir esse público e atrair talentos.

 

Progredir na equidade de gêneros na força de trabalho é uma jornada de vários anos, mas, orienta Luciana, ao começar a implementar algumas dessas estratégias, as empresas podem combater a escassez de talentos e redefinir o ambiente de trabalho atual, aumentando as oportunidades e sentimentos de inclusão em todos os colaboradores.

 

 

Foto: Freepik/Tono Diaz