Notícia

Indicadores

13/07/2021 - 15h42

Saúde e segurança dos colaboradores se tornou a principal competência do RH na pandemia

Estudo aponta tendências em gestão de pessoas e desenvolvimento de lideranças

 

Digitalização, talentos e futuro do trabalho são as três dimensões que devem ser prioridades dos líderes das áreas de Recursos Humanos nos próximos anos. Essa é a principal conclusão de um levantamento do BCG (Boston Consulting Group) e da WFPMA (World Federation of People Management Associations ) que mapeia as principais competências e perspectivas sobre gestão de pessoas.

 

O estudo Creating People Advantage 2021: The Future of People Management Priorities é considerado um dos mais relevantes da área no mundo e elenca 32 tópicos de grande importância para a gestão de pessoas, agora e no futuro. Foram ouvidas mais de 6.600 pessoas de empresas de vários setores em 113 países — 77% deles pertencentes à área de RH e 67,7% em cargos de liderança.

 

De acordo com Manuel Luiz, diretor executivo e sócio do BCG, líder da prática de pessoas e organização no Brasil, "o estudo deste ano revelou algumas mudanças relevantes em relação a anos anteriores, certamente influenciado pelo fenômeno de trabalho remoto, acelerado durante a pandemia".

 

Neste ano, os executivos listaram Saúde & Segurança (58%) como a competência mais importante nas empresas atualmente — percentual similar ao dos respondentes brasileiros (59%). Para Manuel Luiz, o resultado é reflexo da pandemia, que ressaltou a importância dessas ações nas empresas. A título de comparação, na edição anterior, em 2014, as principais competências foram Aprimoramento, Requalificação, Aprendizado e Desenvolvimento, seguida por Estratégias e Processos de Recrutamento e Processos de RH.

 

Em segundo lugar, os executivos apontaram Relações com Colaboradores (50%), seguido por Gerenciamento de Políticas de RH (47%). Entre os respondentes brasileiros, o segundo lugar ficou com Estratégias de Pessoas & RH (51%), seguido por Relações com Colaboradores (49%).

 

A competência menos assinalada, na 32ª colocação, foi Digitalização, IA, Nuvem & Robótica no RH, com 21%. Entre brasileiros, as duas últimas competências foram relacionadas à tecnologia e digitalização: Arquitetura e Operação de TI para RH (28%) e Digitalização, IA, Nuvem & Robótica no RH (26%).

 

"Práticas focadas em pessoas e estratégias estão bem colocadas, pois são muito importantes para o bom funcionamento da área e por isso já estão consolidadas. Em tecnologia, porém, vemos que há margem para melhora", analisa o executivo do BCG.

 

TENDÊNCIAS

Para o futuro, os executivos listaram como mais importantes os tópicos Estratégias de Pessoas & RH (90%), Desenvolvimento & Comportamento de Lideranças (88%) e Engajamento & Bem-Estar de Colaboradores (88%). Os brasileiros também definiram Estratégias de Pessoas & RH como a mais importante competência para o futuro da área (91%), seguida por Aprimoramento, Requalificação, Aprendizado e Desenvolvimento (89%) e Desenvolvimento & Comportamento de Lideranças (89%).

 

Ao cruzar as duas dimensões do estudo, os dados indicam que as três principais tendências para o RH são digitalização (uso de novas tecnologias, como análise de pessoas, soluções baseadas em nuvem, inteligência artificial e robótica), talentos (planejamento estratégico da força de trabalho, desenvolvimento de liderança, qualificação e requalificação dos colaboradores) e futuro do trabalho (RH mais ágil, a incorporação definitiva do smart work e da gestão de mudança nas empresas).

 

"A próxima geração de gestores de pessoas será mais inovadora, digital e ágil do que qualquer outra. São atributos importantes para liderar hoje, mas serão essenciais nos próximos anos. Além deles, o foco nos colaboradores é um ponto central para uma boa prática de RH", afirma Manuel, que comenta as cinco principais recomendações do estudo para gestores de pessoas, com base nas dimensões prioritárias:

 

• Foco nos colaboradores: 85% dos entrevistados afirmam que focar nas necessidades e expectativas dos colaboradores é o principal fator de sucesso na busca por novos talentos. "As organizações precisam pensar em seus colaboradores como clientes reais e entender profundamente suas necessidades. Feedbacks devem ser constantes para entender as expectativas e organizar os fluxos de trabalho de RH, individualizando planos de carreira e oportunidades de desenvolvimento", comenta Manuel.

 

• Modelar o futuro do trabalho: a pandemia estabeleceu novos modelos de trabalho, como o remoto e os horários flexíveis, o que traz novos requisitos para os locais de trabalho e expectativas dos funcionários. "Será preciso definir uma estratégia de trabalho inteligente, repensar as opções de emprego e a estrutura das equipes e promover o propósito e a cultura das empresas para inspirar os funcionários", diz o executivo.

 

• Acelerar a digitalização: o especialista do BCG diz que a digitalização permite melhores experiências para os colaboradores e promove um desempenho mais estratégico da empresa como um todo. A análise de dados dos colaboradores também é muito importante para as decisões da área de RH.

 

• Definir novos paradigmas para as habilidades dos funcionários: para se ajustar à nova realidade e vencer nos próximos anos, as empresas precisam das pessoas certas com o conjunto certo de habilidades. Para Manuel Luiz, deve-se "planejar as equipes pensando no futuro e construir uma empresa que está constantemente aprendendo a aprimorando sua experiência de RH".

 

• Transformar a prática de gestão de pessoas: com foco nos funcionários e digitalização, as funções de RH precisam se transformar e se tornar o motor de uma empresa em constante mudança. "Desenvolver e seguir uma estratégia clara de RH, repensar a área e transformar gerentes em líderes de pessoas são passos essenciais", finaliza Manuel.

 

Foto de abertura: Pexels/Kindel Media