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18/01/2024 - 15h06

2024: a gente planeja e Deus ri…

Em sua coluna, o executivo de RH Marcelo Madarász sugere para 2024 foco nas batalhas que valem a pena

 

 

 

Início de mais um ano e lembrei-me desse provérbio popular judaico. Curioso por alguns motivos: como há semelhança entre ele e outros de origens distintas, parece atender a um impulso atual de uma certa discordância. Curioso também porque alguém pode interpretá-lo como uma crítica ao planejamento e, se essa pessoa é daquelas defensoras ferrenhas da necessidade de planejamento e de sua importância, pode se ver defendendo com afinco a posição contrária, citando autores, teorias, teses na defesa de seu argumento. Tudo isso dá uma preguiça…

 

Sei que preguiça não combina muito com janeiro, mas ultimamente tenho percebido uma certa vontade e inclinação das pessoas a quererem opinar sobre tudo, em todas as circunstâncias e, muitas vezes, com ganas de quem precisa vencer a qualquer preço. Parece até a piada sobre as uvas-passas em celebrações de final de ano. Há que as aprecie, há quem as deteste, mas ambos os lados parecem ter um desejo de brigar por uma posição. Não sei bem se essa polarização beligerante foi agravada pelas redes sociais, mas é a impressão que tenho. Vejo famílias, amigos, nem tão amigos assim brigando por suas opiniões sobre times, religiões, gostar ou não de uva-passa, partidos políticos, políticos preferidos e, por que não dizer, quase de estimação. Parece que a exemplo do dito popular, perco o amigo, mas não perco a piada, agora é: perco o amigo, mas não perco a boa oportunidade de uma polêmica… Além de perigoso, pode tornar-se muito chato.

 

Início de mais um ano – e como a dica é para usar bem a energia – nos faz refletir sobre quais batalhas valem a pena e quais definitivamente devemos abandonar.

 

Você quer ser feliz ou você quer ter razão? Para que mesmo ser o vencedor em todas as batalhas de opinião?  Será que a tão conceituada Diversidade e Inclusão não pode abranger também cada um ter a sua opinião e respeitar a do outro, sem precisar convencê-lo que a sua é superior? Será que é?

 

Neste início de ano, que possamos planejar, mas sofrer menos quando algo não acontecer exatamente como esperávamos. Que não precisemos ser os vencedores em cada discussão. Que possamos respeitar o outro e suas opiniões, muitas vezes diferentes das nossas. Que possamos ter e trazer mais leveza aos ambientes, pessoais, familiares, profissionais. Que nessa troca saiamos todos mais ricos, com repertórios ampliados.

 

Por falar em ampliação de repertório, estou há algumas semanas viajando pelos Estados Unidos com a certeza de que as viagens podem ser poderosas para aumento de repertório, um convite a novas perspectivas e pontos de vista e expansão de consciência.

 

Passeando pelas ruas de New Orleans, encontrei um muro grafitado com os seguintes dizeres: Mulheres Negras são um terço da força de trabalho de New Orleans. Mulheres negras tomam conta de nós, mas quem está tomando conta delas? Poderíamos refletir exaustivamente sobre essa questão levantada por alguém escrita num muro, mas, no lugar de fazê-lo, usemos como uma espécie de mantra para 2024 e para sempre: que a ética do cuidar e do importar-se com o outro seja o nosso norte todos os dias de posicionamento e, principalmente, de atitude.

 

Que, junto com a flexibilidade de algo que não saiu exatamente como o planejado, possamos incluir a leveza para encararmos os desafios diários e rirmos de nossa própria situação e a amorosidade por todos – por nós, pelo outro, por todos os outros, inclusive aqueles que têm opiniões diferentes das nossas.

 

Um excelente 2024 para todos!

 

 

*Marcelo Madarász é diretor de RH para América Latina da Parker Hannifin

 

 

Foto: Marcos Suguio