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Liderança

01/08/2023 - 19h11

Pesquisa derruba o mito de que é mais fácil chegar à posição de número 1 dentro da própria organização

Estudo da consultoria LHH identifica perfil dos atuais CEOs e o que mudou no pós-pandemia

 

 

 

Os principais aspectos relacionados a quem vai ocupar a posição mais importante das estruturas organizacionais foi o foco de uma pesquisa da consultoria LHH, realizada com mais de 300 executivos que, depois de 2020, chegaram à posição de CEO ou cargos correlatos. A pesquisa mostra que há uma clara diferença na maneira como essas promoções aconteceram no período pós-pandemia, de acordo com o perfil do executivo.

 

No caso de profissionais da área Comercial, por exemplo, em 58% dos casos, eles assumiram a posição de CEO por meio de mudança de empresa. Já com o pessoal de Finanças, esse tipo de situação representou apenas 30% dos casos.

 

"Essa disparidade pode ser explicada em parte porque profissionais de Finanças acabam tendo o reconhecimento pela vivência e conhecimento da própria empresa. E, também, pelo fato de que profissionais da área Comercial/Negócios normalmente são muito mais ativos na busca por oportunidades externas, pela natureza de suas posições e networking", esclarece Ricardo Rocha, diretor executivo da LHH.

 

Ele acrescenta que, além disso, quando uma empresa busca um CEO externamente, em geral os perfis oriundos de área Comercial são aqueles que podem trazer resultados de curto prazo, devido ao seu conhecimento do mercado e concorrência e, por muitas vezes, trazerem suas carteiras de clientes.

 

Do ponto de vista de recrutamento, a conclusão da pesquisa derruba o mito de que é mais fácil chegar na posição de número 1 dentro da própria organização, já que em praticamente metade dos casos (48,5%) o executivo mudou de empresa para se tornar CEO.

 

"Talvez essa fosse uma realidade muito comum no passado, mas a dinâmica de mercado mudou e as empresas precisam se adaptar à nova realidade rapidamente. Isso explica o fato de elas estarem mais abertas, confiando essa cadeira a executivos de fora e que possam aportar com maior agilidade mudanças necessárias, como transformação digital, estratégia de canais, inovação, etc.", alerta Ricardo.

 

Para ele, o estudo reflete uma mudança geral no comportamento de executivos, que, no período de pandemia, reavaliaram suas prioridades, estão seguros e identificados com sua organização atual. Segundo ele, muitos profissionais estão mais abertos a oportunidades externas por discordarem da maneira como suas empresas atravessaram o período de pandemia ou até mesmo pela busca de setores/empresas em mercados mais promissores e com horizontes de crescimento mais sustentável.

 

PERFIL EXECUTIVO

Outra constatação relevante diz respeito à área de origem desses profissionais. Apesar de ainda ser dominante, a área Comercial respondeu por 44% dos casos, percentual inferior aos obtidos nos anos anteriores, quando a área representava mais da metade dos profissionais.

 

O estudo também aponta a ascensão de profissionais de Finanças, que responderam por 21%, e de Operações, com 17%, reflexo de um movimento das organizações em reconhecer profissionais com sólidos conhecimentos sobre a operação e business.

 

A pandemia teve impactos em todas as áreas organizacionais e, nesse contexto, profissionais com visão mais ampla acabaram sendo reconhecidos – como é o caso daqueles de Finanças, TI e Operações –, cujo tempo médio ocupando a cadeira anterior e o tempo de empresa são mais altos que a média geral. Ou seja, são profissionais que assumem a posição por ter conhecimento profundo da companhia e da sua cultura organizacional.

 

Também chama a atenção que a média de tempo para virar CEO (considerando a última cadeira) é de 4,3 anos, porém, em alguns setores mais dinâmicos, como Bens de Consumo e Serviços, cai para 2,8, refletindo dois cenários: o primeiro é que muitos profissionais desses setores recebem uma cadeira de "transição", ou seja, onde já estão sendo preparados para assumir a posição de CEO, e o segundo cenário é no qual acabam sendo promovidos pela maior rotatividade que esses setores também possuem nos cargos de liderança. Por outro lado, empresas que demandam conhecimentos específicos da área, como no setor de Finanças ou Healthcare, mostram que os executivos que assumiram a presidência ficaram em média sete anos na cadeira prévia.

 

 

Foto: Freepik/benzoix