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29/09/2025 - 12h38

Dificuldade de contratar no mercado tech não é por falta de gente qualificada, diz pesquisa

Segundo estudo da BossaBox, gargalo está nos modelos que orientam as contratações no setor

 

A dificuldade de recrutar profissionais de Produto e Tecnologia segue como uma dificuldade das empresas. De acordo com um levantamento recente da consultoria BossaBox, feito com mais de 500 lideranças do segmento, entre 86% que relataram dificuldade em contratar, somente 32% atribuem essa barreira à escassez de candidatos qualificados.

 

O dado expõe um ponto crítico: o gargalo não está necessariamente na oferta de talento, mas sim nos modelos tradicionais que ainda orientam a contratação no setor. Processos lentos, escopos mal definidos, expectativas desalinhadas e abordagens pouco relevantes fazem com que a contratação seja pouco eficiente, enquanto profissionais qualificados se deparam com entrevistas genéricas, dinâmicas desalinhadas com a rotina real e empresas sem clareza sobre o problema que querem resolver.

 

"Não é que falte talento. O problema é que o mercado insiste em resolver desafios novos com estruturas antigas", explica João Zanocelo, vice-presidente de Produto e Marketing e cofundador da BossaBox.

 

Um exemplo claro é o modelo freelancer tradicional, baseado em cobrança por hora, que já mostra sinais de esgotamento. Para desafios complexos e com múltiplas dependências, esse formato cria mais atrito do que resultado, ao priorizar tempo investido em vez de impacto gerado. Por outro lado, insistir apenas em contratações full-time internas para qualquer frente resulta em times sobrecarregados, mal alocados e lentos para responder a novas demandas.

 

O futuro, diz João, não passa por substituir um modelo por outro, mas por ampliar o portfólio de possibilidades, porque certas demandas exigem squads temporários, outras podem ser conduzidas como experimentos e algumas se resolvem com entregas pontuais de começo, meio e fim definidos. Ou seja, o ponto central não é terceirizar ou não, mas entender quando faz mais sentido construir com o time interno e quando trazer um parceiro externo é estratégico para proteger o foco da equipe, acelerar entregas críticas ou validar hipóteses antes de escalar.

 

“A contratação em Tecnologia, portanto, não está mais difícil, o que falta é trocar o foco da discussão. Se, em vez de abrir uma vaga, a empresa começar pelo problema que precisa resolver, abre-se espaço para alternativas mais ágeis, previsíveis e estratégicas", garante o especialista.

 

 

Foto: Shutterstock