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19/10/2023 - 15h29

Mulheres representam apenas 31% da população empresarial da B3

O estudo da Heidrick & Struggles aponta que, com isso, nos conselhos o índice é praticamente a metade, 16%

 

 

 

A diversidade de gênero continua a ser um desafio para o setor empresarial brasileiro, uma situação que se reflete na composição das diretorias executivas. Um estudo elaborado pela consultoria corporativa e de liderança Heidrick & Struggles, especializada na busca de candidatos para vagas C-level, traz novas percepções para esse debate.

 

O relatório, que faz parte de um estudo de longa data da empresa sobre tendências na composição de conselhos administrativos em países ao redor do mundo, é produzido pela área de Prática Global de CEO & Board da empresa, e acompanha e analisa as tendências nas nomeações de diretores não executivos para os conselhos das maiores empresas de capital aberto.

 

De acordo com o levantamento, em 2022, as mulheres representavam apenas 31% do quadro das empresas listadas na B3, a Bolsa de Valores brasileira, apresentando estagnação em relação a 2021, que apresentou a mesma cifra. Apesar disso, a evolução foi consideravelmente melhor em relação a 2019 e 2020, quando os índices foram de 20% e 22%, respectivamente.

 

A pouca diversidade no quadro de colaboradores se reflete diretamente nos grupos de tomada de decisão das empresas. Segundo o relatório, as mulheres ocupam apenas 16% dos cargos nos conselhos de administração das empresas B3. Além disso, de um total de 169 empresas com ações na B3, apenas 44% têm duas ou mais mulheres atuando em cargos de alta gerência. Isso sugere que pode haver barreiras ou percepções que impedem o crescimento das mulheres a cargos de alta responsabilidade.

 

"A diversidade nas empresas é uma exigência tanto do mercado como da sociedade como um todo. Cada organização deve olhar para si, rever suas estruturas, seus processos e estabelecer uma cultura plural em seu cotidiano e suas equipes. Do contrário, seus negócios e sua reputação podem ficar estagnados ou ser prejudicados", ressalta Ana Paula Chagas, parceira no escritório da Heidrick & Struggles em São Paulo.

 

PROJEÇÃO PARA O FUTURO

A B3 estabeleceu que até 2026 as empresas listadas no índice precisam incluir pelo menos uma mulher e uma minoria sub-representada em seus conselhos de administração ou equipes executivas. Do contrário, terão de se explicar publicamente sobre o porquê do não cumprimento da norma.

 

Para Ana Paula, a exigência serve como um indicativo de que o panorama ilustrado pela pesquisa pode se transformar nos próximos anos, à medida que as empresas precisarão cumprir o novo requisito regulatório de divulgar a representação de gênero, etnia e raça em seus órgãos de decisão.

 

“É importante que outros órgãos fiscalizadores, federações e associações de trabalhadores também exijam das companhias um compromisso integral com maior diversidade na sua força de trabalho. O mercado precisa assimilar constantemente as demandas que já se fazem presentes na sociedade”, completa a profissional.

 

 

Foto: Freepik/Pressfoto