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Gestão de Pessoas

04/04/2023 - 17h33

Mulheres do setor varejista ganham canal de denúncia sem vínculo com empresas

Pesquisa mostra que 46% das profissionais assediadas no trabalho não veem ação concreta depois de denunciarem

 

 

O assédio moral e sexual que muitas vezes ocorre de maneira silenciosa e atrapalham a carreira e ascensão feminina. Mostra disso é a pesquisa realizada pela Zinklar, plataforma de pesquisas de mercado, em parceria com o Instituto Mulheres do Varejo, na qual foram ouvidas 212 mulheres que trabalham no ecossistema ligado ao varejo e de todas as classes sociais.

 

Das entrevistadas, 37% disseram ter sofrido assédio moral e 31% sexual; 70% afirma ter sofrido assédio (moral ou sexual) no trabalho. E os resultados só comprovam o que muitas mulheres já sabem: a falta de apoio no ambiente corporativo: 46% daquelas que sofreram assédio no trabalho disseram não ter percebido nenhuma ação concreta quando delataram o agressor e, o que é ainda pior, 23% disseram ter sido desligadas depois da denúncia. Ainda, em 45% dos casos, a empresa onde as participantes da pesquisa trabalham não possui canal de denúncia.

 

Pensando nesse cenário, o Instituto se uniu ao Projeto Justiceiras para lançar um canal de denúncias sem vínculo com as empresas, deixando as mulheres que trabalham no setor varejista mais confortáveis para relatar as agressões.

 

“Em nossas rodas de conversa sempre ouvimos casos de assédio e afirmações de mulheres dizendo que não têm coragem de relatar ao RH ou a algum canal de denúncia interno, pois têm medo de retaliações ou de demissões”, diz Sandra Takata, presidente do Instituto Mulheres do Varejo.

 

Os varejistas também poderão ser parceiros do Instituto, receber treinamentos sobre o tema e usar o canal como meio para que suas colaboradoras se sintam confortáveis.

 

“A presença feminina no mercado de trabalho representa aproximadamente 52%. No varejo, as mulheres também ocupam metade dos espaços", contabiliza Gabriela Manssur, fundadora do Projeto Justiceiras. "A parceria tem como objetivo dar as mãos para elas e protegê-las de toda forma de violência contra a mulher”, completa.

 

O canal de denúncia começa funcionar em maio e as mulheres que atuam no ecossistema do varejo – varejo, indústria, fornecedores de soluções para o varejo, empresas de pesquisa ligadas ao varejo e distribuidores – poderão acessar o site www.mulheresdovarejo.com.br para relatar o seu caso. Todos os casos serão avaliados pelo Projeto Justiceiras que tem o canal direto com o Ministério Público.

 

Foto: Shutterstock