29/07/2024 - 11h12
Baixa segurança psicológica inibe diversidade e inclusão nas empresas
Ambiente seguro e acolhedor de grupos minorizados promove empatia, troca de ideias e inovação
Na prática, a realidade das empresas que seguem políticas de Diversidade, Equidade e Inclusão (D&I) é pouco favorável a profissionais socialmente classificados como minorias – mulheres, negros, pessoas com deficiência e LGBTQIAPN+. Como revela a pesquisa Saúde Mental, Diversidade e Ambiente de Trabalho, da startup de RH Lupa, a maioria dos grupos de diversidade que trabalham nessas empresas se sente discriminada e em um ambiente que oferece baixa segurança psicológica, de proteção e apoio a pessoas diversas.
O levantamento mostra que 79% de colaboradores de grupos de diversidade se sentem desconfortáveis ou não pertencentes ao ambiente de trabalho. Já os que foram vítimas, presenciaram situações de discriminação, preconceito ou assédio correspondem a 80% dos entrevistados.
Ainda, 53% responderam que trabalharam ou trabalham em empresas que possuem ações para a promoção da inclusão e diversidade no dia a dia. Mas 62% admitiram que essas empresas não proporcionam um ambiente seguro e acolhedor para grupos de minoria.
PRECURSOR DA DIVERSIDADE
Para que os colaboradores possam manifestar livremente suas ideias, pedir ajuda e contestar padrões vigentes, precisam estar respaldados pela organização e protegidos de consequências sociais negativas. Nesse contexto, ambientes psicologicamente seguros são precursores da diversidade e da equidade de gênero, observa a psicóloga organizacional Patrícia Ansarah, fundadora e CEO do IISP (Instituto Internacional em Segurança Psicológica).
“Para que essa diversidade no local de trabalho aconteça, é preciso que as pessoas sintam que têm permissão de serem seus verdadeiros ‘eus’. Elas precisam se sentir bem-vindas e livres para contribuir com suas próprias ideias e perspectivas únicas, porque não há diversidade e inovação, sem inclusão de perspectivas diferentes. E não há estratégia de D&I que se sustente, sem segurança psicológica”, argumenta.
Como já foi evidenciado por pesquisas e casos práticos, , continua Patrícia, é da diversidade de pensamento e formações que nascem as ideias inovadoras. “Quando não há inclusão, diversidade e equidade de gênero, não há pontos de vista diferentes para que as conversas sejam levadas ao caminho da inovação. E sem inovação, não há crescimento.”
Ainda de acordo com ela, os resultados da pesquisa da Lupa revelam que a diversidade já é uma realidade nas empresas. Mas ainda é preciso promover mudanças no topo da organização para garantir que haja mais inclusão e equidade de gênero. “Não basta ter indicadores e ações criativas se a estratégia de negócio não estiver construída em cima do modelo da segurança psicológica”, assinala.
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