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15/02/2024 - 17h04

Silêncio produtivo

Glaucimar Peticov fala da necessidade de enfrentar o desconforto do autoconhecimento

 

 

 

Por Glaucimar Peticov*

 

 

O mundo digital, mesmo trazendo uma série de facilidades e melhorias para o nosso dia a dia, otimizando e acelerando processos e possibilitando o acesso a uma série de informações, também, na contramão, agrava o nosso cansaço e esgotamento.

 

Chego à conclusão que o grande desafio é gerenciar até onde a informação é importante e necessária e qual o papel do silêncio em nossas vidas, pois, para mim, é um bem precioso e repleto de oportunidades.

 

O encontro com nós mesmos nem sempre é prazeroso, pois nos deparamos com crenças e ideologias por vezes divergentes de nossas ações e atitudes. Nesse silêncio, encontramos as dissonâncias do nosso ego.

 

É aqui que a modernidade e o autoconhecimento se encontram. A sociedade transmite a ideia de que devemos estar constantemente presentes, respondendo, reagindo, interagindo. O silêncio é visto como uma lacuna improdutiva, um vácuo que deve ser preenchido com mais ruído, mais conteúdo, mais produtividade. No entanto, esse preenchimento ininterrupto nos afasta da compreensão íntima de nossa própria vida.

 

Devemos nos lembrar que o autoconhecimento tem sido abordado ao longo do tempo e a busca pelo silêncio interior e o enfrentamento do ego ruidoso podem parecer obsoletos, mas, talvez, seja o antídoto de que precisamos contra o esvaziamento de nossa experiência humana.

 

Nesse contexto, a desaceleração pode ser vista como uma oportunidade – um convite para abraçar o silêncio e enfrentar o desconforto do autoconhecimento. Talvez, o verdadeiro crescimento e a realização passem por aceitar o silêncio e aprender com ele.

 

Como reequilibrar a relação com o nosso eu interior em um mundo que por vezes teme o silêncio? Como podemos redescobrir o valor do autoconhecimento em uma sociedade que parece funcionar no piloto automático do ruído constante?

 

Podemos encontrar no silêncio um caminho para uma compreensão mais profunda de nós mesmos e do mundo ao nosso redor, conhecendo a beleza e a profundidade na quietude de nossa própria existência.

 

E, assim, o autoconhecimento deixa de ser um produto de prateleira, pronto para consumo, e se torna uma jornada pessoal e íntima, um processo que requer tempo, paciência e, acima de tudo, disposição para se afastar do ruído e se voltar para dentro.

 

Dessa forma, podemos descobrir que as respostas que buscamos não estão nos barulhos externos, estão nos sussurros silenciosos da alma.

 

 

 

*Glaucimar Peticov é vice-presidente do Instituto Brasil Digital e embaixadora do Programa de Mentoria do IVG – Instituto Vasselo Goldoni

 

 

Foto: Divulgação