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24/01/2024 - 08h32

Saúde primária nas empresas: contribuições para redução de pacientes crônicos no Brasil

É necessário oferecer aos funcionários muito além de um plano de saúde, diz diretor médico da Dasa Empresas

 

Por Nulvio Lermen Júnior*

 

 

 

As doenças crônicas não transmissíveis matam cerca de 41 milhões de pessoas por ano, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Isso corresponde a 71% dos óbitos no mundo. Consideradas multifatoriais, com desenvolvimento no decorrer da vida, elas são um sério problema de saúde pública devido aos altos índices de incidência. As mais comuns são as cardiovasculares, câncer, diabetes e doenças respiratórias.

 

Esses números preocupantes também impactam as empresas, que, precisaram reinventar a gestão de benefícios dos colaboradores para atender necessidades que vão muito além do oferecimento de um plano de saúde.

 

Hoje, já se discute e se pratica o planejamento de estratégias para que contribuam para uma gestão efetiva da qualidade de vida, focando na promoção do bem-estar, em vez do tratamento da doença. Esse planejamento inclui, como não poderia ser diferente, um olhar ainda mais próximo daqueles que possuem problemas crônicos.

 

Mas, como as companhias podem contribuir para promover mais saúde e assistência adequada? Acredito que a atenção primária é um excelente caminho.

 

De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o conjunto de ações de atenção primária que oferece atendimento abrangente e acessível pode suprir de 80% a 90% das necessidades de saúde de um indivíduo ao longo da vida. Ele acontece quando focamos nas pessoas como um todo e não em um órgão ou doença específicos. Dessa forma, trabalhamos com a redução de fatores de risco para impedir o desenvolvimento ou agravamento das doenças.

 

Para isso, as empresas podem usar recursos simples, como a inclusão na rotina dos colaboradores de ações educativas e campanhas de imunização e prevenção, além do estímulo ao rastreamento de doenças (o famoso check up) usando as melhores evidências disponíveis.

 

Algumas companhias também se dedicam em implementar ou manter programas de saúde focados no controle dos fatores de riscos, como forma de promover uma conscientização para estabilizar os problemas crônicos.

 

Essa mudança de modelo de gestão contribui para a sustentabilidade do setor de saúde, que enfrenta desafios complexos e que demandam mudanças urgentes. Prova disso é uma pesquisa feita pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), que aponta que os custos assistenciais das operadoras brasileiras devem chegar a R$383,5 bilhões até 2030.

 

Vejo que a área de gestão de pessoas e benefícios de organizações têm se dedicado cada vez mais aos cuidados com a saúde física e mental dos funcionários. Com a priorização da saúde primária, as organizações conseguem reduzir custos relacionados a licenças médicas, afastamentos, absenteísmo, presenteísmo e outras causas que oneram as contas. Além disso, aumentam a satisfação dos colaboradores, melhoram a retenção de talentos e ainda somam pontos positivos para o employee experience.

 

No cenário empresarial cada vez mais competitivo, a saúde primária e a gestão de colaboradores com doenças crônicas tornam-se diferenciais significativos. Ao adotar uma abordagem holística para a saúde, as companhias não apenas promovem um ambiente de trabalho mais saudável, mas também colhem os benefícios.

 

* Nulvio Lermen Júnior é diretor médico da Dasa Empresas

 

 

 

Foto: Beto Assem