Com governança, IA vai além do operacional e transforma o RH com vantagem estratégica
Diretora de Recursos Humanos da SantoDigital conta como está otimizando processos e evitando os riscos da Shadow AI
A Inteligência Artificial tem se tornado uma ferramenta indispensável no RH brasileiro, com 46% dos profissionais utilizando-a diariamente, superando a média global de 29%, de acordo com o levantamento do LinkedIn AI for HR 2025. Tâmara Costa, diretora de RH da SantoDigital, consultoria de negócios para tecnologia em serviços de computação em nuvem, destaca que a IA tem o potencial de transformar o RH "da sobrecarga operacional à vantagem estratégica". No entanto, apesar da alta adoção, a falta de uma estratégia corporativa clara e de governança para o uso dessa inovação está transformando a vantagem estratégica em uma sobrecarga operacional contínua.
A própria SantoDigital tem empregado IA para redefinir o papel da área de RH e torná-la mais estratégica. A ferramenta é utilizada para criar um portal acessível aos gestores, consolidando dados importantes, como: visibilidade de férias da equipe, banco de horas, absenteísmo, horas extras e alocação. “Essa centralização de informações capacita os gestores a tomar decisões rápidas e baseadas em dados concretos, minimizando a necessidade de intervenção direta do departamento de RH e permitindo que a equipe se concentre em discussões mais estratégicas”, diz Tâmara.
A IA também apoia em várias outras frentes de RH. No processo de avaliação de performance, por exemplo, a ferramenta é usada para analisar dados para identificar gestores eficientes e alinhados à cultura da empresa, criando "mapas de calor" com base nas respostas, o que permite prever comportamentos individuais e de equipe, acelerando intervenções e ajudando a mitigar o turnover.
“Já no recrutamento e seleção, a IA colaborou ao reduzir o Service Level Agreement (SLA) para fechamento de vagas, especialmente em tecnologia, de 20 para 10 dias, por meio da análise de perfis, currículos e sinergia com descrições de cargos”, detalha a executiva.
O fenômeno Shadow AI
A proliferação do Shadow AI, uso da IA sem supervisão ou aprovação da TI, é uma preocupação crescente. Ainda de acordo com a pesquisa do LinkedIn, apenas 39% dos usuários da ferramenta no trabalho globalmente foram treinados por suas empresas. A falta de uma estratégia corporativa gera riscos de segurança, dados e conformidade, como a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) no Brasil. Para se ter uma ideia, o custo médio de um vazamento de dados no país, em 2025, é de R$ 7,19 milhões, de acordo com a IBM.
IA e o RH estratégico
Mas a IA não deve ser vista como uma ameaça, mas sim como uma ferramenta de apoio ao RH. A tecnologia permite automatizar o operacional, liberando o time para focar em seu ativo mais estratégico: as pessoas. A diretora de RH da SantoDigital exemplifica essa transformação com casos práticos:
● Recrutamento inteligente: aceleração de processos que antes levavam de três a quatro semanas para contratar uma ou duas pessoas. Com um ambiente seguro e dados proprietários centralizados, a IA analisa, compara currículos e prepara entrevistas, otimizando a atração de talentos.
● Onboarding autônomo: o alto custo de especialistas dedicados a tarefas repetitivas é reduzido. Transcrições de treinamentos e certificações são centralizadas, permitindo que o novo colaborador estude de forma autônoma, menos dependente do especialista.
● Autoatendimento de gestores: o fluxo de perguntas rotineiras que sobrecarregava o RH é redesenhado. Agora, gestores interagem com um Agente de IA para obter respostas instantâneas sobre férias, banco de horas, etc.
Tâmara destaca ainda a relevância do uso de IA no dia a dia das empresas: “O resultado é a libertação dos profissionais de RH, com aceleração exponencial, governança e segurança aprimoradas”.
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