26/01/2019 - 16h00
Diversidade não é bandeira das minorias – é desejo do capitalismo
Por Ronaldo Ferreira Júnior*
Questões que antes eram ignoradas no debate público, como gênero e raça, ganharam espaço na sociedade e, felizmente, fazem parte do dia a dia da maioria das empresas. Isso foi possível graças à mobilização de organizações e instituições que apoiam essas causas, às lutas pelos direitos de igualdade e diversidade e, principalmente, através da voz de cada um, transparente e legítima, multiplicada de forma exponencial pelas redes sociais. Trata-se de um movimento forte e contínuo que já virou tendência
A luta pela diversidade começou a ganhar corpo no ambiente corporativo porque as empresas perceberam que essa estratégia também poderia ser bem lucrativa. Pesquisa realizada pela DDI, empresa de análise, com a consultoria Ernst & Young, mostra que as organizações com mais de 30% de diversidade tiveram resultados financeiros melhores. Além disso, onde há diversidade significativa, é 1,4 maior a chance de crescimento sustentável.
Atualmente, as corporações que não abrem espaço para isso não conseguem criar cultura de mudança e, consequentemente, enfrentam mais dificuldade para evoluir e inovar. As táticas de antigamente não trazem mais os resultados esperados. É preciso incluir as pessoas, todas elas, para encontrar novas ideias e, principalmente, saber entender os desejos dos clientes, todos eles.
Algumas marcas já perceberam que, fora dos grandes centros ou dos bairros mais nobres das grandes metrópoles, existe um mercado composto por pessoas que é numericamente maior, mas que costuma ficar à margem de campanhas e decisões corporativas. Consumidores potenciais que são ignorados pela comunicação padrão, seja ela on ou off. Quando o capitalismo nota isso, encontra na diversidade a saída ideal para fazer com que os resultados voltem a ser como antes.
É um movimento recente, sem dúvida, e acontece por dois motivos. Primeiro porque há uma vontade grande de retomar os números de crescimento registrados em anos anteriores – e a diversidade é a ponte para otimizar esse desempenho. Segundo, essa nova geração de consumidores exige uma transparência na comunicação e possui um "descompromisso" com a cultura binária que forjou nossa sociedade ao longo das décadas. Os jovens não se preocupam em ter, mas em ser. Há uma nova mensagem no mercado e as empresas precisam se conectar a ela.
Mais do que nunca, o mundo corporativo precisa usar as diferenças para buscar algo melhor e tentar se inovar. Para nós a diversidade é o futuro, pois ela garante conexões, conexões produzem diálogos, e diálogos geram mudanças. Não é possível transformar nada sozinho. E a boa notícia é que ela é um recurso infinito, que está ao nosso lado. É só abrir espaço que ela se manifesta.
A polarização política do país nos últimos anos mostrou que o Brasil tem vários lados e nuances. Sem diversidade, é difícil enxergar isso e, principalmente, como evitar que isso afete os negócios. Independentemente do grupo que estiver no poder, as organizações têm que fazer resultados, seja "apesar disso" ou "a partir disso". Ao identificar a importância dessa pluralidade, fica mais fácil unir esses lados, fazê-los trabalhar juntos e alcançar as metas desejadas.
Costumamos imaginar a diversidade apenas na luta de minorias, mas é algo bem mais amplo. Como citado anteriormente, é uma ponte para enxergar a nossa própria realidade. Quando incluímos todo mundo em nossa estratégia e garantimos representatividade, chegamos de forma mais rápida e econômica as soluções. E o mais engraçado disso tudo, é que, no Brasil, as minorias são na verdade as maiorias.
Então, abra espaço para diversidade e deixe sua empresa mais atraente para conquistar mais talentos e novos clientes. E não se sinta atrasado. Melhor começar agora, do que depois.
*Ronaldo Ferreira Júnior é conselheiro da Ampro - Associação das Agências de Live Marketing e sócio-fundador da um.a #diversidadeCriativa, empresa especializada em eventos, campanhas de incentivo e trade