03/03/2017 - 10h00
Sua empresa na economia compartilhada
Por Paulo Ancona*
2016 passou. Foi um ano atípico não apenas pelos aspectos da crise, decorrente não somente de aspectos internos, como também de um exaurimento do atual modelo econômico mundial. Esperamos que 2017 seja melhor. Porém, para algumas coisas não há mais volta. Esse é o caso das mudanças e da velocidade com que acontecem.
As mudanças de cenário irão continuar ano após ano, até que se chegue em um novo patamar entre as empresas, modelos de gestão, tecnologia e os consumidores. Todos os envolvidos estão inseridos numa roda viva, queiram ou não, e é importante que entendam o que se passa ao redor, independente de suas vontades.
A cultura das empresas tradicionais e seus modelos já foram destruídos e poucos se deram conta disso. Foram triturados pelos aplicativos, pela Internet, pela compra on line, pelos data base e pelos consumidores que, sem piedade, migram de uma empresa e de um produto ou serviço para outro, sem perguntar se podem e sem aviso prévio.
Atônitas, as empresas veem o mundo rodar e tudo se transformar e tentam, com isso, correr atrás, muitas vezes pelos métodos convencionais, sem se dar conta que eles não têm mais o poder de alterar nada. Foram massacrados pela nova realidade.
Não bastassem as startups criando um mundo de novidades e agilidade, acionadas por algo que se chamava telefone celular, agora, o mundo se vê tomado por exigências de ações de governança para tentar colocar um pouco mais de ética na vida de empresas e instituições (hoje tão carentes disso) e de sustentabilidade, da qual faz parte a nova realidade chamada "economia compartilhada".
Não se trata de tomar algo emprestado de forma gratuita e nem de fornecer algo de graça, mas sim de se consumir algo em conjunto com outras pessoas ou empresas, sejam produtos ou serviços, ou simplesmente "vivências ou experiências" novas de consumo, de lazer ou de facilidades. Esqueça o fato de que sempre haverá um "dono" ou a "posse" de algo. Pelo contrário! A economia compartilhada visa o coletivo, a divisão, o uso conjunto, a economia e a redução de custos e despesas.
Isso é bom? Para quem se vale desse conceito, sim! Mas para as empresas que deixarão de vender e de serem proprietárias de "coisas e situações", não, pelo menos até que passem a participar dessa nova realidade. Muitas não sobreviverão, pois lhes faltará o conceito, a cultura, o modelo ou ainda por terem seus produtos e serviços atropelados pelo novo. Isso faz parte do ciclo de desenvolvimento das empresas e da economia.
Exemplos de negócios de economia compartilhada que podem atropelar os negócios são os espaços de coworking. Em breve, teremos compartilhamento de equipes de trabalho ou estruturas, o uso comum de suportes e serviços para logística, serviços de telefonia, serviços bancários, o uso de veículos nas cidades, de reuso de equipamentos e assim por diante.
As novidades que vem surgindo na logística, fortes, irão reduzir os custos das empresas compartilhadoras, fazendo-as mais competitivas.
A legislação não prevê em suas regulamentações essas situações que irão bater de frente com tributos. Um bom exemplo é o que vemos acontecer no mundo inteiro com o caso da nova realidade dos táxis... ou seriam serviços de carona?...Ou motoristas particulares? O mundo dos negócios está suportado por paradigmas que estão sendo literalmente destruídos. Ninguém pergunta se "isso pode", pede permissão. Simplesmente agem sem esperar respostas.
As realidades desse novo mundo estão à porta, assim como 2017, que já começou. Não temos alternativas!
Que este novo ano nos traga a visão da nova realidade!
*Paulo Ancona é diretor e sócio-fundador da Vecchi Ancona – Inteligência Estratégica, consultoria de gestão de negócios com mais de 20 anos de atividades no país.