Capaz de realizar diversas tarefas com maestria por meio de um simples comando, a inteligência artificial (IA) é uma tecnologia que faz com que as máquinas pensem como seres humanos. Graças à sua efetividade, ela definitivamente caiu nas graças das companhias brasileiras. Tanto isso é verdade que um levantamento da Adecco mostra que 76% dos profissionais do país já utilizam esse tipo de solução em seu trabalho. Além disso, estudo da consultoria Grand View Research aponta que o mercado mundial de IA deve movimentar 733 bilhões de dólares até 2027.

 

Quanto ao RH, a área vem utilizando cada vez mais inteligência artificial em processos de R&S. Isso porque, de acordo com Márcio Sena, CTO e diretor de Comunidades da people tech Impulso, as companhias ainda sofrem para encontrar talentos, principalmente na área de TI, e precisam de boas soluções para localizar os colaboradores com as habilidades necessárias, já que os processos são demorados, com uma triagem praticamente manual de currículos. “Além disso, os custos de contratação são elevadíssimos e há muita dificuldade na avaliação de competências muito técnicas”, pontua o executivo.

 

Para Márcio, a IA ajuda a mudar esse cenário, pois é essencial em diversos pontos. “As plataformas de recrutamento baseadas em IA podem identificar, por exemplo, pessoas qualificadas mais rapidamente, inclusive aqueles que podem não estar ativamente procurando por uma nova oportunidade, mas que ouviram novas propostas”, exemplifica.

 

Abaixo, ele pontua abaixo algumas vantagens de se utilizar IA no processo de seleção:

 

► Triagem eficiente de candidatos – A tecnologia é capaz de analisar rapidamente uma grande quantidade de currículos de forma efetiva, identificando aqueles que mais tenham sinergia com a oportunidade divulgada. Dessa forma, os profissionais da área de RH economizam tempo, além de ser possível aumentar o alcance e convocar mais pessoas para o processo seletivo.

 

► Análise comportamental – Os algoritmos de IA conseguem, por meio das respostas dos candidatos nos testes, oferecer insights completos sobre suas habilidades, personalidade e até mesmo adequação cultural para a vaga em questão.

 

► Redução de viés – Infelizmente, os vieses inconscientes ainda são responsáveis por eliminar muitas pessoas competentes de processos seletivos. Para quem não sabe, esse fenômeno nada mais é do que percepções um tanto quanto tendenciosas por parte de recrutadores, quase sempre baseadas em critérios como religião, sexo, cor, raça e gênero. Com isso, ao se utilizar uma solução de IA bem programada, ela só levará em conta fatores técnicos, o que colabora para uma contratação mais diversa e inclusiva.

 

► Otimização de processos – Por conseguir aprender os processos por meio de repetição e avaliação de dados, a tecnologia torna os procedimentos cada vez mais precisos e assertivos.

 

“No entanto, por mais que existam essas vantagens, é preciso cuidado. Isso porque, como qualquer solução tecnológica, seu mau uso pode ocasionar em alguns danos e problemas para a companhia”, pontua o especialista, que também relacionou precauções que devem ser tomadas:

 

► Viés inconsciente – Algoritmos de IA podem perpetuar vieses existentes se os dados utilizados para treiná-los não forem cuidadosamente selecionados e balanceados. Com isso, novamente caímos no problema de contratações sem diversidade, com candidatos sendo eliminados por critérios que não têm a ver necessariamente com a vaga.

 

► Dependência excessiva na tecnologia – Mesmo a tecnologia sendo útil, é fundamental manter um equilíbrio entre a eficiência da IA, o conhecimento humano do processo e o discernimento humano das tomadas de decisões, especialmente na avaliação de aspectos culturais e interpessoais dos candidatos.

 

► Privacidade e segurança de dados – Com a utilização de tecnologias avançadas, vem a responsabilidade de proteger os dados dos candidatos e cumprir com as regulamentações de privacidade. Isso porque um provável vazamento de informações pode arranhar a reputação da companhia e gerar um grande processo judicial.

 

Márcio salienta que hoje existe uma infinidade de ferramentas, que tentam abranger todo o fluxo de seleção e contratação, ou especializadas em cada etapa e todas têm pontos positivos e negativos e se aplicam a contextos de negócio diferentes. Portanto, é preciso saber usar o melhor das ferramentas para cada situação, sem perder a humanidade do processo. "É fundamental”, finaliza ele.

 

 

Foto: Shutterstock