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Gestão de Pessoas

09/03/2023 - 15h24

Mito da resiliência: como o termo pode prejudicar o desempenho da equipe

Termo ganhou popularidade no mundo corporativo, mas pode ser armadilha, diz especialista

 

 

A palavra resiliência ganhou força no vocabulário corporativo nos últimos anos e muitas vezes é considerada pré-requisito para contratação em processos de seleção. Mas, afinal, o que significa ser um profissional resiliente? Muitos comparam a resiliência com um elástico, que, depois de  esticado nos seu limite máximo, rapidamente retorna à sua forma inicial. Portanto, profissionalmente, resiliência nada mais é que a “capacidade de se recobrar facilmente ou se adaptar a um revés ou a mudanças”, e muitas empresas esperam isso de seus colaboradores, o que pode acabar causando cobrança excessiva e sobrecarga.

 

Para a pesquisadora Tonia Casarin, mestre em Liderança com foco no desenvolvimento de competências socioemocionais pela Universidade de Columbia (EUA) e autora do livro Liderança Exponencial, a resiliência é um mito e pode causar impacto negativo para o time e as relações de trabalho em geral. "Esse termo não deve ser aplicado dessa maneira, pois o estresse causado por mudanças desnecessárias não traz resiliência e não ajuda no aprendizado, somente prejudica o clima organizacional", avalia ela.

 

Uma pesquisa realizada pela empresa de recrutamento Robert Half, 87,5% dos líderes brasileiros sofreram alguma mudança na saúde mental durante a pandemia, que se provou um momento de situação extrema para diversas pessoas, onde o mercado de trabalho estava se adaptando, mostrando que a resiliência tem, sim, seu lado prejudicial.

 

USO DA RESILIÊNCIA COMO "EDUCAÇÃO"

Apesar das evidências de que a resiliência é prejudicial à relação entre o time, muitas lideranças recorrem a esse conceito como maneira de “educar” os seus funcionários a se submeterem a situações estressantes como meio de “aprendizado”. Em alguns casos, essas circunstâncias podem levar a desgastes mentais e causar problemas como a síndrome de burnout.

 

“Uma equipe não deve aceitar tais pressões por receio de perder o emprego ou ser considerado um ponto fraco pelo resto da equipe. O colaborador nunca deve deixar de lado seu ponto de vista crítico, e pode (e deve) questionar internamente processos e condutas das quais discorde”, ensina Tonia.

 

A vulnerabilidade é vista como uma fraqueza, e de acordo com a especialista, o receio de parecer vulnerável perante os demais pode prejudicar o desempenho profissional, se a pessoa não souber lidar com essa cobrança. Portanto, encará-la mostra ser o melhor caminho, pois permite aprender a lidar com suas próprias fraquezas e fortalezas. “Não ter medo de se mostrar vulnerável significa ter coragem, e trabalhar essa coragem é o melhor caminho para confiar mais em si mesmo e deixar de lado a atitude defensiva”, defende a autora.

 

COMO DERRUBAR ESSE MITO?

Para que o “mito” da resiliência perca relevância no mercado de trabalho, a liderança deve agir com transparência e ter confiança nas pessoas de seu time, criando um ambiente seguro para que cada um possa expressar suas personalidades e características, mas atue em prol do mesmo objetivo em comum.

 

“Uma equipe coesa precisa construir uma relação respeitosa e de apoio mútuo entre seus pares, líderes, e na organização como um todo. Dessa forma, todos trabalharão mais satisfeitos e desejarão continuar a integrar a equipe em longo prazo, vislumbrando para si um futuro dentro da empresa”, finaliza Tonia.

 

Uma pesquisa realizada pela empresa de recrutamento Robert Half, 87,5% dos líderes brasileiros disseram ter sofrido alguma mudança na saúde mental durante a pandemia, que se provou um momento de situação extrema para diversas pessoas, onde o mercado de trabalho estava se adaptado, mostrando que a resiliência tem, sim, seu lado prejudicial.

 

 

Foto: Shutterstock