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02/07/2024 - 16h55 Artigos

Programa de ideias de inovação: por que eles falham em muitas empresas?

Alexandre Pierro, da Palas, aponta que falta de feedback e de reconhecimento compromete o processo


 

Por Alexandre Pierro*

 

 

Ideias inovadoras podem surgir de diversos lugares. Porém, muito além de incentivar esse compartilhamento entre os times, é dever das empresas fazerem com que se sintam reconhecidos por essa participação, mantendo seu engajamento e criando um ambiente cada vez mais favorável para essa colaboração. Nesse objetivo, um dos métodos mais investidos no mercado é o programa de ideias, um mecanismo extremamente vantajoso por si só, mas que acaba não trazendo os resultados esperados por certos erros cometidos pelos gestores que, se não forem revistos o quanto antes, tenderão a perder sua relevância e efetividade.

 

As empresas que optam por implementar um programa de ideias buscam, pelo menos em tese, aderir a um modelo de incentivo ao compartilhamento de sugestões pelas equipes que possam trazer resultados melhores ao negócio. Seja através de mudanças simples ou mais complexas em produtos, serviços, processos, métodos ou da combinação de mais de um desses aspectos, a ferramenta promove uma gestão de inovação muito mais assertiva, coletando as ideias e as transformando em insights que gerem valor à marca.

 

Porém, mais do que um mecanismo de gerenciamento que contribui para uma maior eficiência e produtividade, um bom programa de ideias defende um amplo protagonismo dos profissionais, colocando-os como peças fundamentais para a implementação de propostas que tragam desempenho e resultados cada vez melhores.

 

O estímulo à participação é capaz de engajar as equipes em prol de uma mesma causa, além de contribuir para a conquista de muitos outros benefícios para as operações. Como prova disso, segundo uma pesquisa realizada pela Gallup, profissionais engajados contribuem para aumentar a satisfação do cliente, possibilitando um volume até 20% maior de vendas. Além disso, o desempenho individual chega a um índice 147% superior. Esses resultados, contudo, dependem, diretamente, de um reconhecimento contínuo por sua colaboração, mesmo que sua ideia não seja aproveitada e testada. Algo que, infelizmente, não é cuidado de forma correta por muitas empresas.

 

No geral, existem dois tipos de programas de ideias que costumam ser implementados no mundo corporativo. O primeiro deles é o aberto, no qual, apesar de ser um modelo que engloba todos os departamentos visando à máxima participação de todos os times, a grande maioria das propostas é destinada a melhorar algum problema já existente no negócio e não em criar algo.

 

Já o segundo, conhecido como programa de desafios, é destinado a solucionar um problema específico – algo que, apesar de favorecer a descoberta de uma resolução eficaz, é bem mais restrito quanto à sua aplicação. Isso implica o risco de gerar um certo desestímulo nos profissionais que não tiverem conhecimento sobre o tema e, portanto, não conseguirem contribuir com alguma ideia capaz de ajudar a solucionar a questão. Aqui, muito potencial criativo e inovador acaba sendo perdido.

 

Ambos os modelos são capazes de contribuir para o desenvolvimento de inovações radicais e a conquista de resultados excelentes, pois existem muitas plataformas robustas de programas de ideias que permitem o cadastro das propostas e o acompanhamento de sua aplicação durante todas as etapas, em uma gestão da inovação muito mais assertiva e segura. Porém, na prática, um dos maiores erros que acabam impedindo esse cenário é a falta de feedback durante o processo.

 

Os profissionais são a peça-chave para o sucesso do programa de ideias e precisam se manter engajados para que permaneçam colaborando ativamente nessa jornada motivados para a conquista de resultados. Mas, é muito comum observar empresas que não fornecem nenhum retorno sobre sugestões que acabam não sendo aprovadas, deixando de explicar por que foram descartadas. Mesmo as que são selecionadas, um feedback positivo também tende a demorar, elevando o risco de desmotivação das equipes por não acompanharem, de perto, os próximos passos de suas sugestões.

 

É preciso que haja um processo bem mais delimitado na implementação dos programas de ideias, compreendendo que não adianta apenas contar com o apoio de uma plataforma sofisticada, sem que haja este cuidado minucioso acerca do engajamento e satisfação das equipes que são, de fato, as pessoas que irão propor suas visões que podem alavancar o desempenho das operações.

 

Na prática, isso significa que, além de contar com investimento tecnológico, os feedbacks devem ser periódicos, independentemente da aprovação ou não de uma ideia. Ainda, existem muitos programas de reconhecimento que fornecem “recompensas” aos profissionais que mais colaborarem no processo, financeiras ou não. Todos esses cuidados, juntos, ajudarão que as empresas consigam usufruir, ao máximo, das vantagens possibilitadas por um programa de ideias, destravando o potencial criativo e inovador dos seus times e, consequentemente, de todo o negócio.

 

*Alexandre Pierro é sócio e fundador da consultoria Palas, mestrando em Gestão e Engenharia da Inovação e bacharel em Engenharia Mecânica e Física Nuclear

 

 

Foto: Divulgação/Palas

 

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