
25/09/2025 - 10h39
Saúde mental pode ser promovida em ações simples e de baixo custo para as empresas
Especialista indica como micro e pequenos negócios podem aplicar práticas de acolhimento no dia a dia
A pauta da saúde mental, cada vez mais presente na sociedade, também vem ganhando força dentro das empresas de todos os portes. Se antes o tema era mais comum em grandes corporações, hoje já faz parte da realidade de muitos pequenos negócios, que reconhecem a importância do cuidado emocional para manter equipes engajadas, produtivas e saudáveis. O movimento ganha ainda mais destaque neste mês de setembro, período em que a campanha Setembro Amarelo busca conscientizar sobre a prevenção ao suicídio e a importância do cuidado psicológico.
De acordo com a Pesquisa de Tendências 2025 da Catho, plataforma de empregos pioneira no Brasil, benefícios relacionados ao equilíbrio entre vida pessoal e profissional aparecem entre as prioridades dos trabalhadores. Entre os mais oferecidos pelas empresas, estão horários flexíveis (18,9%), salário-família (17,5%) e plano de saúde para dependentes (16,6%). Os números apontam para um esforço crescente das companhias que, mesmo com estruturas menores, podem encontrar caminhos acessíveis para responder às expectativas de bem-estar de suas equipes.
Além disso, 18,2% dos respondentes que participaram do estudo acreditam que os benefícios direcionados à saúde física e mental estão entre as principais tendências corporativas em 2025. A pesquisa também mostra que a segurança e o bem-estar dos colaboradores despontam como uma das prioridades estratégicas neste ano, lado a lado com programas de retenção e fortalecimento da cultura organizacional.
Para Patricia Suzuki, diretora de RH da Redarbor Brasil, detentora da Catho, esse movimento representa uma mudança importante no modo como as empresas enxergam o papel do trabalho na vida de seus colaboradores: "Durante muito tempo, falar sobre saúde mental no ambiente corporativo era considerado um tabu. Essa pauta vem ganhando força, no contexto atual, com empresas de todos os portes abrindo espaço para esse diálogo e investindo em ações concretas que apoiam seus times. Isso é fundamental para o bem-estar individual e, consequentemente, para a produtividade e sustentabilidade do negócio".
Os impactos da falta de acolhimento emocional são expressivos. Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), a depressão e a ansiedade custam à economia global cerca de US$ 1 trilhão por ano em perda de produtividade. No Brasil, uma pesquisa da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) revelou que problemas de saúde mental estão entre as principais causas de afastamento do trabalho. Para pequenas empresas, por exemplo, a ausência de um colaborador pode representar uma queda significativa na operação, o que reforça a necessidade de atenção preventiva.
Segundo Patricia, não é preciso grandes investimentos para começar esse processo. Flexibilizar horários de entrada e saída, criar espaços de escuta ativa, estimular momentos de pausa ao longo do dia e incentivar hábitos saudáveis, como a prática de atividades físicas, são algumas iniciativas simples que micro e pequenas empresas podem adotar.
Um dono de padaria, exemplifica ela, pode organizar escalas que permitam ao funcionário acompanhar um compromisso familiar importante. Já uma pequena loja pode estabelecer parceria com profissionais locais para oferecer palestras ou atendimentos a preços acessíveis. Outro ponto fundamental é celebrar pequenas vitórias juntos, reconhecendo as conquistas da equipe e datas celebrativas, como aniversário e tempo de casa. Isso cria o sentimento de pertencimento sem custo.
Programas de apoio psicológico e treinamentos voltados à gestão do estresse e ao desenvolvimento da inteligência emocional também são dicas destacadas por Patricia. Para isso, ela reforça que o engajamento das lideranças é determinante nesse processo. "Não basta promover um conjunto de iniciativas, é preciso transformar a cultura interna. O colaborador precisa sentir que pode falar abertamente sobre suas dificuldades e que terá suporte para atravessar momentos de vulnerabilidade. Essa é uma construção diária, que exige envolvimento de gestores e transparência nas relações", destaca.
A campanha nacional de valorização da vida, chamada Setembro Amarelo, coloca luz sobre a importância desse debate. Para as empresas, o momento serve como um convite à ação, e a tendência é que o tema cresça como um requisito essencial para o ambiente corporativo. "Além de sensibilizar, é necessário investir em estruturas que fortaleçam o cuidado com a saúde mental, não só em setembro, mas em todos os meses do ano. Isso não diz mais sobre ser apenas competitivo, mas sobre construir ambientes de trabalho mais humanos e sustentáveis", conclui a profissional.
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