05/07/2022 - 15h28
Atenção do líder ao seu próprio humor ajuda a preservar a saúde mental da equipe
A psiquiatra Camila Magalhães dá outras orientações aos líderes
No Brasil, de acordo com a pesquisa encomendada pelo Fórum Econômico Mundial ao Instituto Ipsos em 2021, 53% dos respondentes declararam que seu bem-estar mental piorou no último ano. No ambiente de trabalho, estudos da OMS (Organização Mundial da Saúde) mostram que a depressão está entre as principais causas de absenteísmo, causando, juntamente com a ansiedade, prejuízo de US$ 1 trilhão ao ano na economia mundial.
"As condições impostas pela pandemia nos últimos anos obrigaram a população a lidar com inseguranças, ansiedade, medos e, infelizmente, o luto de pessoas queridas, por muitas vezes, sem a condição ou oportunidade de um acompanhamento médico adequado", diz a médica psiquiatra Camila Magalhães, cofundadora da Caliandra, consultoria de cuidados com a saúde mental no trabalho.
Ela assinala que essa é uma via de mão dupla, ou seja, tanto o adoecimento mental pode afetar negativamente as diversas áreas da vida do indivíduo, incluindo o trabalho, como o ambiente profissional – incluindo as atitudes das pessoas, a estrutura organizacional, as políticas e as práticas formais ou informais – pode afetar o comportamento humano e seu desempenho.
Nesse sentido, Camila dá três dicas para que líderes possam garantir um relacionamento mais saudável com suas equipes e apoiá-las em relação à saúde mental:
1 - Prestem atenção no seu humor e em como ele pode estar afetando seu time. O papel do líder inclui a observação do seu funcionamento e do entorno. Não tenham receio em se mostrar vulneráveis em algumas situações, isso é natural e também pode ajudar a equipe a se sentir à vontade para conversar sobre problemas e estratégias de enfrentamento.
2 - Fiquem atentos às necessidades emocionais dos membros da equipe e, principalmente, estabeleçam bem os limites de volume de trabalho. Sobrecarga e saúde não caminham juntas. Sejam empáticos e observem as pessoas ao seu redor para diminuir o nível de estresse relacionado ao trabalho sempre que necessário.
3 – Participem de treinamentos e orientações ofertados pela empresa para desenvolverem a habilidade em lidar com as emoções do time. Com a ajuda de especialistas é possível aprender a reconhecer e dominar as emoções, bem como adquirir mais sensibilidade para identificar quando alguém pode estar precisando de suporte, além de recomendações de como orientar essa pessoa na busca por ajuda.
Embora não tenham um papel central na condução desse tema, prossegue Camila, não cabe ao líder manejar o sofrimento mental do time, mas, sim, se debruçar sobre os fatores estressores que possam estar relacionados às atividades profissionais, reconhecer mudanças comportamentais e encaminhar os colaboradores em sofrimento emocional para os canais de cuidado.
Foto: Freepik/DCStudio