11/11/2025 - 10h35
Por que a adaptabilidade passou a ser a competência mais exigida dos líderes?
Para sócia da Exec, em tempos de incertezas, a liderança adaptativa transforma o caos em ação coordenada
A cada momento, novos acontecimentos mudam o curso estratégico das organizações, o que torna o ato de liderar muito mais complexo do que simplesmente tomar decisões assertivas: é preciso ter a capacidade de responder o inesperado com inteligência, equilíbrio e visão ampliada de negócios. Essa visão é compartilhada por Amanda Lázaro, sócia da Exec, consultoria especializada em recrutamento e desenvolvimento de altos executivos e conselheiros. Ela traz como exemplo o anúncio da nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros. A notícia pegou as empresas de surpresa, principalmente no agronegócio causando apreensão entre as organizações do setor, que responde por mais de 20% do PIB brasileiro.
A medida mexe diretamente com custos, margem de lucro, cadeia de suprimentos e com o clima organizacional das companhias. Diante de cenários incertos como esse, diz Amanda, as equipes precisam de líderes que saibam manter a confiança, sinalizem caminhos com assertividade e tomem decisões com clareza, mesmo que temporárias. “Líderes adaptáveis mantêm suas equipes firmes e equilibradas quando o terreno é instável. Eles acolhem a incerteza sem perder o foco e, muitas vezes, conseguem transformar o caos em ação coordenada”, afirma a consultora.
A capacidade de se adaptar rapidamente, se comunicar com transparência e objetividade, além de revisar estratégias em tempo real são, atualmente, alguns dos critérios mais valorizados nas posições de liderança, tanto no nível executivo quanto na linha de frente operacional. De acordo com Amanda, empresas que cultivam líderes com esse perfil são mais flexíveis. Assim como as organizações, eles estão dispostos a aprender e reaprender o tempo todo.
A comunicação eficiente se torna uma ferramenta indispensável para que líderes consigam explicar os motivos sobre as mudanças a serem realizadas, as medidas adotadas e como elas impactarão a rotina dos colaboradores e a permanência de seus empregos.
Resiliência também na linha de frente
Levando essa realidade para o universo operacional – área de produção, centros logísticos e atendimento ao cliente –, a adaptabilidade também se torna um requisito fundamental, mas vem com outra roupagem, que inclui decisões que envolvem processos como ajustes constantes de turnos, revisão de metas, renegociação de prazos, além de ajustes das soluções locais a decisões muitas vezes tomadas a milhares de quilômetros de distância.
Em contextos macroeconômicos não favoráveis, diz Amanda, a pressão vai além dos executivos de nível C-level. “Os líderes operacionais estão na linha direta com os impactos mais imediatos. São eles que traduzem as decisões estratégicas em ação concreta, ou não”, ressalta.
Mudam as perguntas e também os líderes
Com base em sua atuação em processos de seleção e desenvolvimento de executivos, a consultora afirma que há uma mudança nítida na postura das empresas em relação à busca de líderes no mercado: além da experiência e resultados obtidos em atuações profissionais anteriores, hoje as organizações querem executivos com uma liderança mais flexível, com um repertório diverso, que pratiquem escuta ativa e tenham disposição para rever certezas o tempo todo. Isso vale, inclusive, para os conselheiros, que nos últimos tempos passaram a ser ainda mais desafiados a pensar menos em estabilidade e direcionar o foco mais para a resiliência.
Atualmente, as empresas que se destacam são aquelas que já enxergaram a importância da adaptabilidade lá atrás: investiram e desenvolveram lideranças para lidar constantemente com as incertezas. Negócios que diversificaram mercados, ampliaram canais de distribuição ou anteciparam riscos estão colhendo os frutos agora. Não porque exerceram o futurismo, mas estavam dispostas a mudar e se adaptar de forma mais rápida.
Adaptabilidade para o agora e o amanhã
Amanda destaca que a adaptabilidade hoje é muito mais do que simplesmente uma resposta à crise, é uma estratégia de longo prazo. “Ela exige um tipo de liderança mais humanizada, que coloque em prática a coragem para decidir mesmo quando todos os dados não estão disponíveis na mesa, além da disposição para ouvir antes de agir. É esse o tipo de líder que consegue proteger a cultura da empresa sem engessá-la e que impulsiona a inovação mesmo em momentos difíceis”, analisa.
Para ela, a liderança adaptativa não nasce do improviso; vem da escuta, do repertório, da coragem de testar o novo e da disposição para aprender e reaprender, mesmo sob pressão. “São esses líderes que, diante do inesperado, conseguem enxergar o que pode ser transformado”, finaliza.
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