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17/11/2025 - 12h06

Satisfação dos funcionários com a promoção de saúde mental nas empresas permanece negativo, aponta estudo

66% dos brasileiros já tiveram a saúde mental afetada pelo estresse do trabalho

 

De acordo com a nova edição do estudo Saúde Mental em Foco: Desafios e Perspectivas dos Trabalhadores Brasileiros, 66,1% das pessoas já tiveram a saúde mental afetada pelo estresse no trabalho. O levantamento foi realizado pela Vittude, empresa de desenvolvimento e gestão estratégica de programas corporativos de saúde mental, em parceria com a Opinion Box, especializada em pesquisas de mercado.

 

Além disso, o conteúdo também analisou o Net Promoter Score (NPS), que mede a satisfação das pessoas em relação a uma empresa, e à promoção da saúde mental, e o resultado é preocupante: -19.

 

"O fato de que dois em cada três brasileiros já tiveram a saúde mental afetada pelo estresse do trabalho mostra o tamanho da urgência do tema. Por trás desse número estão histórias de esgotamento, adoecimento e perda de qualidade de vida. As empresas precisam compreender que o trabalho é um fator determinante de saúde, tanto para o bem quanto para o mal, e que a saúde mental deve deixar de ser um diferencial para se tornar parte estrutural da gestão de pessoas, especialmente com a chegada da atualização da NR-1", afirma Tatiana Pimenta, CEO e cofundadora da Vittude.

 

Apesar disso, a autopercepção geral de saúde mental é majoritariamente positiva: em uma escala de 1 a 5, 38% deram nota 4 e 28,8%, nota máxima. Ainda assim, 7,2% se encontram em níveis críticos, revelando uma parcela vulnerável e silenciosa que merece atenção. O levantamento ouviu 2 mil pessoas de todas as regiões do Brasil.

 

"Nosso objetivo com o estudo é oferecer um retrato real da saúde mental no país. Ao acompanhar essa jornada ano a ano, conseguimos mostrar que, embora o tema tenha ganhado espaço na cultura das empresas e na sociedade, ainda há uma lacuna importante entre o discurso e a prática", complementa a CEO.

 

A pesquisa também mostra que quase metade dos brasileiros acredita que todos deveriam fazer terapia, mas apenas 26,8% estão em acompanhamento. Entre os que não fazem, os principais motivos são: não ver necessidade no momento (48%), custo (34,5%) e falta de tempo (18%). Entre quem busca acompanhamento, 28% utilizam plano de saúde, 7,5% recebem custeio integral da empresa, e a maioria arca com os custos do próprio bolso. 19,2% gastam entre R$100 e R$200 por mês, 14,7% entre R$301 e R$500, e 11,0% entre R$201 e R$300.

 

Organizações ainda não acompanham o avanço da pauta

Na dimensão corporativa, o Net Promoter Score (NPS) de -19, repetindo o patamar do ano anterior. Entre os respondentes, 46,3% são detratores, ou seja, não recomendariam suas organizações como promotoras de saúde mental, enquanto 27,6% são promotores.

 

Além disso, 32,1% afirmam que suas empresas não adotam nenhuma prática voltada ao tema. Entre as iniciativas existentes, destacam-se políticas contra discriminação e assédio (26,5%), palestras e webinares (22,8%), terapia via plano de saúde (19,7%) e comitês de bem-estar (19,4%).

 

Em relação ao impacto dos diferentes modelos de trabalho na saúde mental, o cenário ainda é majoritariamente presencial (74%), mas a preferência é pelo híbrido flexível, apontado por 48,1% como o formato mais favorável. Nesse modelo, 63,3% dos trabalhadores concentram-se nas notas mais altas de bem-estar (4 e 5). Já o regime remoto integral apresenta 11,4% de participantes em níveis críticos, sugerindo que flexibilidade e isolamento podem coexistir no mesmo ambiente.

 

O estudo ainda mostra que 78,2% dos brasileiros preferem trabalhar em empresas com programas de saúde mental, e 92,4% acreditam que o tema deve ser levado mais a sério.

 

Para Tatiana, esses números evidenciam uma mudança de mentalidade: "Cuidar da saúde mental é cuidar da performance e da sustentabilidade do negócio. Organizações que adotam programas estruturados, com diagnóstico amplo, mapeamento de riscos psicossociais, plano de ação, metas e capacitação de lideranças, conseguem reduzir significativamente os índices de adoecimento, afastamento e turnover. É investimento em reputação, retenção e propósito, não despesa".

 

Foto: Shutterstock