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05/06/2023 - 18h32

Denúncias nas empresas crescem 30% em 2022, aponta pesquisa da Aliant

Conscientização sobre comportamentos inaceitáveis e multiplicação dos canais refletem o aumento

 

 

A pesquisa anual sobre denúncias corporativas na América Latina, realizada pela Aliant, empresa de soluções para governança, compliance, ética, privacidade e ESG, registrou um aumento de 30% em 2022 quando analisado o número de relatos a cada mil colaboradores. Em 2021, foram registradas 5,4 denúncias a cada mil colaboradores, já em 2022, houve um salto para sete. O número é recorde quando comparado aos resultados de todas as edições anteriores da pesquisa, que passou a ser realizada anualmente em 2007.

 

Já em relação ao volume total de denúncias, que atingiu 152 mil casos em 2022, o crescimento foi de 21,5% ante o ano anterior, que registrou 125 mil relatos. A pesquisa foi baseada nos relatos de 630 grupos empresariais de diferentes portes e segmentos.

 

"Consideramos que o aumento significativo dos relatos seja o resultado de uma conjunção de fatores: a conscientização do público em relação a comportamentos que não são mais aceitos; a multiplicação de canais nas empresas, seja por iniciativa própria ou por novas legislações; e a ampliação da confiança na eficácia dos canais, sendo considerado hoje a forma mais segura de relatar um tema de forma anônima e sem retaliações", explica Fernando Fleider, CEO da ICTS, controladora da Aliant.

 

Uma das tipologias que segue crescendo anualmente, com exceção do período de pandemia, que registrou queda, é o relacionamento interpessoal, que envolve desvios de comportamento e práticas abusivas, como assédios moral e sexual, discriminação e agressões físicas. O volume de denúncias representou 54%, ou seja, 82 mil relatos. Somente os casos de práticas abusivas representaram 29% das denúncias, porém, os casos de assédio moral e sexual seguem crescendo – aumento de 13%.

 

"Sobre esse crescimento, questões de diversidade e inclusão são cada vez mais pauta da nossa sociedade e, consequentemente, da agenda corporativa. Falar sobre esses assuntos oferece clareza para a identificação de irregularidades, que vêm sendo cada vez mais reportadas aos canais de denúncia", complementa Fernando.

 

Os casos de má-fé também tiveram aumento, chegando a 12% e, dentro dessa tipologia, roubo e furto registraram crescimento de 85%, o que reflete num retrato de crise e maior dificuldade financeira das pessoas. Já os casos de descumprimento de leis, normas e procedimentos registram queda de 20%, o que mostra maior difusão das políticas.

 

Líderes e gestores, pela responsabilidade intrínseca sobre liderados, suas rotinas e progressão de carreira, continuam sendo os mais denunciados, somando 63% dos perfis relatados. Consequentemente, pela visão de “liderança pelo exemplo”, devem ser o foco de ação direcionada do programa de Ética e Compliance das organizações.

 

A denúncia anônima também segue na liderança, com 61% dos casos relatados e, em relação às ferramentas utilizadas, a plataforma eletrônica registrou aumento, sendo usado em 68% dos casos, enquanto o uso do telefone caiu dez pontos percentuais em relação ao ano anterior, ficando com 21%. Nota-se que ainda há necessidade de acolhimento, meio mais eficiente para se coletar os detalhes dos fatos, facilitando a apuração até sua constatação.

 

Também foi registrado aumento de 15% no tempo médio de apuração, de 47 para 54 dias, mostrando que as empresas estão se dedicando mais ao aprofundamento dos casos.

 

 

Foto: Shutterstock