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14/06/2022 - 12h01

Diversidade em conselhos de administração está só começando

Segundo estudo global da KPMG, no Brasil, 64% acham necessária alguma adaptação

 

 

A expectativa dos stakeholders com uma pressão cada vez maior sobre o alinhamento entre o que é divulgado e o que é praticado pelas empresas vem impulsionando mudanças crescentes e contínuas nos aspectos de diversidade e inclusão nos conselhos de administração. Além disso, para compreender tendências, elaborar um planejamento estratégico efetivo e adaptado às novas realidades no negócio, gerenciar e otimizar riscos e manter e desenvolver talentos, é fundamental contar com diferentes pontos de vista no conselho. Com tudo isso, os conselhos de administração das empresas brasileiras já reconhecem a importância da diversidade em sua composição, uma jornada que ainda está em fase inicial.

 

Essas são algumas das conclusões da pesquisa global Diversidade nos Conselhos de Administração, realizado pela KPMG com o objetivo de entender melhor as percepções dos membros de conselhos de administração sobre os desafios e oportunidades com relação à diversidade nos conselhos. Conduzida com mais de 700 conselheiros de administração e membros de comitês no mundo, a pesquisa contou com a participação de 89 respondentes pelo ACI Institute e pelo Board Leadership Center, iniciativas da própria KPMG no Brasil e no mundo.

 

Um dos destaques da pesquisa diz respeito à percepção sobre a diversidade na composição dos conselhos de administração em que atuam, incluindo diversidade de habilidades e experiências. De acordo com o estudo, 31% dos brasileiros e 37% dos participantes globais informaram que não haveria mudanças significativas na composição do seu conselho para atender às necessidades atuais e futuras do negócio, e a maioria (64% no Brasil e 59% no mundo) entende que alguma adaptação seria necessária.

 

“As necessidades estratégicas e competitivas, para 62% dos respondentes no Brasil (57% em âmbito global), são os principais motivadores para o recrutamento de novos conselheiros", afirma Sidney Ito, CEO do ACI Institute e do Board Leadership Center do Brasil e sócio em Riscos e Governança Corporativa da KPMG no Brasil.

 

A pesquisa também evidenciou os principais desafios dos conselhos de administração no Brasil:

 

 Blindspots e oportunidades: para 72% dos conselheiros a falta de diferentes pontos de vista dificulta a identificação de pontos cegos sobre questões estratégicas, ante 57% globalmente.

 

Diversidade e compromisso social: de acordo com 58% dos brasileiros, a diversidade do conselho é relevante ou muito relevante na avaliação e condução do papel social da empresa (73% no mundo)

 

Inclusão: a liderança do conselho é eficaz e hábil em extrair pontos de vista, ideias e preocupações de todos os membros do conselho para 46% dos entrevistados (54% no mundo)

 

Planejamento estratégico: 62% mencionaram necessidades estratégicas e competitivas como fatores de maior influência para a mudança na composição do conselho de administração (57% no mundo)

 

Confiança e transparência: liberdade para questionar informações apresentadas (75% no Brasil x 79% globalmente), receptividade a discussões abertas (63% e 70%) e incentivo a críticas construtivas (62%Brasil e 67%) são algumas das iniciativas para construir e demonstrar confiança e transparência no conselho.

 

Recrutamento ativo: conhecimento em tecnologia e estratégia digital é uma das qualificações mais buscadas em futuros membros para os conselhos; já a diversidade étnico-racial tem sido o foco para novos membros em uma perspectiva de longo prazo. Ainda, 63% dos respondentes declararam não fazer parte de nenhum grupo diverso, mas a maioria daqueles que se identificam como membros de algum desses grupos, seja quanto a gênero, raça/etnia ou orientação sexual, disse que sua voz é ouvida e todas as opiniões são reconhecidas igualmente.

 

"Entretanto, foram identificadas algumas barreiras, sendo as principais a cultura do conselho, que não incentiva a participação de todas as vozes no grupo igualmente, e a dominação das discussões por membros que não fazem parte de grupos sub-representados", afirma Fernanda Allegretti, sócia-diretora do ACI Institute, do Board Leadership Center Brasil e de Markets da KPMG no Brasil.

 

O universo de pesquisados no Brasil foi assim composto: 49% são membros ou presidentes independentes do conselho de administração; 36 são membros do conselho; 8%, presidentes do conselho de administração e executivos da empresa; e 8%, membros ou coordenadores do comitê de nomeação e governança.

 

 

Foto: Freepik/@master1305