Imagem da matéria Como a neurociência pode ajudar na tomada de decisões sob pressão
22/09/2025 - 14h20 Gestão

Como a neurociência pode ajudar na tomada de decisões sob pressão

Especialista dá dicas práticas para reduzir a possibilidade de erros nesse momento


 

 

Em um cenário cada vez mais dinâmico, líderes deparam-se constantemente com a necessidade de tomar decisões rápidas e assertivas, muitas vezes com informações incompletas e sob níveis elevados de estresse. Essa realidade é corroborada por dados do Global Leadership Forecast 2025 da DDI (Development Dimensions International), que revela que 71% dos líderes experimentam um aumento significativo no estresse após assumirem seus cargos e 54% demonstram preocupação com o risco de burnout. Estudos de fontes como WifiTalents e ZipDo Education associam o burnout em líderes a um aumento de até 30% em erros de trabalho, com impactos diretos na produtividade e capacidade de inovação. Por isso, a busca por métodos que permitam decisões assertivas sob pressão tornou-se uma prioridade estratégica.

 

A consultora de carreira Madalena Feliciano lembra que a neurociência oferece insights valiosos sobre o que ocorre no cérebro quando o líder está sob estresse. Em situações de alta tensão, a amígdala, responsável pelas reações emocionais rápidas, é ativada, desencadeando respostas de "luta ou fuga". Esse processo, conhecido como "sequestro da amígdala", pode reduzir a atividade do córtex pré-frontal, a região ligada à lógica, ao planejamento e à empatia. O resultado são decisões impulsivas, foco limitado em soluções imediatas e menor profundidade estratégica.

 

Por outro lado, a Teoria dos Recursos Cognitivos, desenvolvida na década de 1980 pelo pesquisador Fred Fiedler e pelo psicólogo Joe Garcia, indica que a experiência e a inteligência podem funcionar como um escudo protetor. Líderes experientes, por exemplo, conseguem mitigar os efeitos nocivos do estresse sobre a racionalidade, mantendo maior clareza de raciocínio.

 

TÉCNICAS BASEADAS NA NEUROCIÊNCIA

A boa notícia, prossegue Madalena, é que existem técnicas embasadas na neurociência que podem aprimorar a tomada de decisão em momentos críticos. Ela cita:

 

Mindfulness e respiração consciente – Pesquisas do NeuroLeadership Institute demonstram que práticas simples de mindfulness e respiração consciente podem reduzir a ativação emocional da amígdala, restaurando o controle ao córtex pré-frontal. Isso resulta em líderes mais calmos, racionais e aptos a decisões estratégicas.

 

Estruturas de decisão pré-definidas – A adoção de frameworks como decision trees, OODA loop (Observar, Orientar, Decidir, Agir), pre-mortem e matrizes de priorização agiliza a tomada de decisão, mesmo diante de dados parciais. Em testes corporativos, o uso do OODA tem mostrado uma melhoria de até 25% na eficiência de resposta em crises, enquanto matrizes de priorização podem reduzir o retrabalho causado por decisões impulsivas em cerca de 30%.

 

Simulações e war games – A prática de exercícios e simulações de cenários de crise prepara o cérebro para reagir com mais agilidade e menos emocionalidade. Executivos que participam dessas dinâmicas relatam respostas mais estruturadas em situações reais de pressão.

 

Expansão de perspectivas antes da decisão final – Para evitar o "túnel de visão", técnicas como a "segunda-mentoria" rápida, questionamentos estratégicos (como "e se tivéssemos recursos ilimitados?") ou a adoção da perspectiva de um concorrente podem ampliar o campo de visão e prevenir decisões precipitadas.

 

Desenvolvimento da inteligência emocional e autoconhecimento – O treinamento do autocontrole, da empatia e da regulação emocional é fundamental para uma liderança mais equilibrada. Instituições como Harvard, MIT e empresas como o Google comprovam que programas que fortalecem a inteligência emocional aumentam em até 30% a capacidade de resolução de problemas sob pressão.

 

Especialista em neuroestratégia, Madalena reforça a importância do gerenciamento mental em momentos de crise. "Em momentos de estresse, o que define a qualidade da escolha não é apenas o que sabemos, mas como gerenciamos nossa mente", observa.

 

Ela sugere rotinas simples, mas eficazes, para líderes em qualquer nível:

 

  • Respiração 4x4 antes da decisão crítica: Inspirar por 4 segundos, segurar por 4, expirar por 4, e repetir. Uma técnica rápida para restaurar a clareza mental.

 

  • Decidir com "dados suficientes": Evitar a paralisia pela busca incessante da informação perfeita. Definir um critério prévio para concluir quando já há base suficiente para agir.

 

  • Jornal reflexivo pós-decisão: Escrever rapidamente sobre como se sentiu, o que funcionou e o que não funcionou. Essa prática reforça o aprendizado e prepara o cérebro para futuras escolhas.

 

  • Rede de confiança ativa: Manter um pequeno grupo de pares ou mentores prontos para atuar como conselheiros rápidos, o que faz toda a diferença em decisões de alto risco.

 

"A neurociência nos dá o mapa e o autoconhecimento é quem sabe usar esse GPS quando o motor está em sobrecarga", conclui Madalena, complementando: não se trata de eliminar a pressão, mas estar preparado para enfrentá-la com clareza, equilíbrio e estratégia.

 

 

Foto: Shutterstock

 

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