25/11/2025 - 10h49
Dá para cobrar resultados da equipe sem ser tóxico
Consultor empresarial compartilha técnicas para exercer uma pressão positiva
Muitos líderes caem em uma armadilha ao se tornarem mal-educados, agressivos e até tóxicos quando, na verdade, o que estão querendo é exercer uma pressão positiva sobre seus liderados, buscando transformar desafios em motivação para o desempenho. Segundo o consultor empresarial Yuri Trafane, CEO da Ynner Treinamentos, isso acontece porque o cérebro humano tende a simplificar julgamentos para economizar energia.
Ele explica que o cérebro utiliza atalhos mentais (heurísticas) para ser mais eficiente e muitas vezes acaba produzindo vieses cognitivos. “São tendências sistemáticas do pensamento que levam nossa mente a interpretar a realidade de forma distorcida, fazendo com que tomemos decisões ou formemos julgamentos sem análise totalmente racional.”
Um desses vieses é conhecido como Efeito Halo, que acontece quando uma característica ou comportamento é automaticamente associado a outro, mesmo sem relação real entre eles. Na prática, diz Yuri, muitos gestores acabam acreditando que, para criar senso de urgência ou motivar suas equipes, precisam adotar comportamentos hostis.
Mas é possível que um líder seja ao mesmo tempo gentil e exigente, respeitoso e desafiador, e educado enquanto exerce o que ele chama de pressão positiva sobre os liderados. William Ury, professor de Harvard e autor do livro de negociação mais vendido no mundo (Como Chegar ao Sim) traduz isso de uma forma quase poética: “seja duro com as coisas e suave com as pessoas”.
Abaixo, Yuri lista algumas das técnicas mais efetivas para incentivar os liderados e exercer uma pressão positiva na busca por resultados.
1. Estabeleça objetivos ambiciosos – mas atingíveis – que fazem os liderados entenderem que o líder tem alta expectativa com relação a eles.
2. Acompanhe o atingimento dos objetivos acordados por meio de conversas sistemáticas, deixando claro quando eles foram ou não atingidos e discutindo os motivos com os liderados.
3. Dê feedbacks corretivos com franqueza, mas sempre com respeito e educação.
4. Estimule um clima em que os liderados deem feedbacks uns aos outros com transparência, deixando claro que o foco deve estar nas ações e não nas pessoas.
5. Crie senso de urgência, mostrando quais são os riscos de as coisas darem errado caso os resultados não apareçam.
6. Tome providências rapidamente quando um liderado faz algo que afronta um valor importante de forma deliberada.
7. Deixe que os liderados enfrentem fracassos controlados, de preferência de baixo impacto objetivo, sem tentar protegê-los das consequências.
Pressão não é sinônimo de toxicidade
Apesar de essas técnicas serem ações que exercem pressão sobre os liderados, nenhuma implica falta de respeito, educação ou toxicidade, um cuidado essencial na retenção de talentos uma vez que os profissionais das novas gerações, principalmente os de alto desempenho, estão cada vez menos tolerantes com chefes agressivos e hesitam muito menos antes de ir embora.
"Hoje também as leis estão mais exigentes e um processo por assédio moral pode custar bem caro tanto em termos financeiros, quanto de imagem", lembra o consultor.
Ele destaca ainda que é responsabilidade de todos trabalhar por um ambiente organizacional que preze pela saúde mental das pessoas, em que ninguém se sinta subjugado ou maltratado.
"Precisamos construir um ambiente em que as pessoas possam ser produtivas, sentindo-se bem ao mesmo tempo. Melhor, onde possam ser produtivas porque estão se sentindo bem", finaliza.
Foto: Shutterstock

