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Gestão de Pessoas

03/08/2023 - 12h11

Entrevista demissional pode contribuir na prevenção de processos trabalhistas

Renato Santos, da S2 Consultoria, dá dicas de como conduzir esse processo

 

 

Demissões malconduzidas e sem transparência podem gerar ressentimento nos funcionários dispensados, o que é um motivador muito forte para processos trabalhistas. De acordo com Renato Santos, sócio da S2 Consultoria, especializada em prevenir e tratar fraude e assédio nas organizações, a crise e o cenário de mais pressão por resultado aumentam a chance de chefes cometerem atitudes abusivas, o que pode resultar em queixas e ações por dano moral. Por isso, diz ele, a entrevista de desligamento contribui para que o RH identifique possíveis vulnerabilidades e potenciais riscos, muitas vezes desconhecidos.

 

Além disso, é uma oportunidade de feedback. "Se conduzido de forma correta, esse processo permite que a organização conheça que imagem o ex-funcionário está levando em relação à conduta da empresa", frisa. Nas entrevistas de desligamento que conduz por meio de um sistema online, Renato cita como principais assuntos abordados: política geral de RH; planos de cargos, salários e carreiras; perfil da liderança; ambiente de trabalho; cultura ética e de compliance, e potenciais riscos.

 

Essa prática, afirma ele, está conquistando espaço entre as empresas brasileiras, mas algumas organizações não utilizam as informações por dificuldade de operacionalização e por impossibilidade de isenção do processo. "Em alguns casos, a entrevista demissional fica a cargo de pessoas pouco preparadas, que acabam fazendo uma utilização inadequada dos dados obtidos.”

 

Cada vez mais as áreas de Gestão de Pessoas e Compliance precisam se desenvolver em conjunto formas de gerir pessoas com o objetivo de reforçar a cultura ética em suas organizações desde a atração de talentos até o seu desligamento. Nesse sentido, Renato lista três cuidados para uma entrevista demissional efetiva:

 

 

Aplicação voluntária: é importante que o entrevistado participe por vontade própria e não por obrigação ou imposição e, muito menos, como moeda de troca do tipo "você só receberá isso ou aquilo se participar da entrevista".

 

Convite para "demitidos" e "demissionários": algumas empresas acreditam que se o colaborador foi demitido não é necessário ouvi-lo, pois já conhecem os motivos da sua saída. Mas não podemos desconsiderar que ele pode ser vítima de uma "queima de arquivo", ou seja, ele poderia ter conhecimento de citações antiéticas de seu superior e isso o tornou uma "ameaça".

 

Não aplicar a entrevista imediatamente: o processo de demissão é desgastante emocionalmente e é importante que a empresa dê um tempo para a "maturação" da nova situação. A aplicação de uma entrevista no momento da demissão tende a ser infrutífera, tanto pela não participação como pelo exagero da situação relatada.

 

Foto: Freepik