
05/06/2025 - 10h58
Upskilling de lideranças: a urgência do aprendizado
Clarissa Medeiros: o líder que se recusa a reaprender coloca em risco a equipe, a empresa e a si mesmo
Por Clarissa Medeiros*
Durante muito tempo, entendemos o desenvolvimento de liderança como um caminho linear: graduação, MBA, anos de experiência, algum curso de soft skills e pronto. Estávamos prontos para liderar. Mas o mundo mudou — e mudou rápido demais para que esse modelo ainda funcione. Hoje, ser líder é viver em atualização constante.
E não estou falando apenas de lifelong learning como filosofia de crescimento, mas de um movimento de aprendizado mais agudo, mais específico e mais urgente. Um upskilling real, voltado não apenas para novas ferramentas, mas para novas formas de pensar e se relacionar com o mundo.
Os desafios que nos forçam a reaprender
Liderar uma equipe multigeracional, lidar com os impactos da inteligência artificial no trabalho e manter relevância em meio à transformação digital — esses são apenas três exemplos do que nenhum manual antigo ensina. A liderança que deu certo até ontem talvez não nos leve adiante amanhã.
A geração Z, por exemplo, já ocupa espaço nas organizações com uma nova lógica de trabalho. É uma geração que exige propósito, velocidade, transparência e saúde mental.
Não basta delegar tarefas — é preciso inspirar, acolher, adaptar. E tudo isso com autenticidade. Se você tenta liderar com rigidez, perde essa geração em uma semana. Se tenta liderar sem direção, perde a confiança da equipe inteira.
E o mesmo vale para a Inteligência Artificial. Muitos líderes ainda estão tentando entender “o que é essa nova onda”, enquanto o mundo já discute como aliar IA à tomada de decisão, à personalização da experiência humana e à eficiência estratégica.
Aqui, o desafio não é apenas técnico, mas ético, humano, filosófico. A pergunta já não é “como funciona?”, mas sim: como integro isso à cultura sem perder a essência?
Upskilling não é sobre certificados, é sobre consciência
A urgência não está em acumular títulos, mas em adquirir lucidez sobre o que o agora exige de nós. É sair do piloto automático e se abrir para um aprendizado vivo — aquele que exige escuta, humildade e experimentação.
O líder que se recusa a reaprender, hoje, coloca em risco sua equipe, sua empresa e a si mesmo.
O verdadeiro upskilling da liderança não está apenas nos cursos rápidos, mas nas perguntas profundas. Não é sobre dominar a ferramenta da moda, mas sobre desenvolver a mentalidade que sustenta as mudanças. É aprender a fazer perguntas novas — inclusive para si mesmo:
Que tipo de liderança o mundo precisa agora? E estou preparado para oferecê-la?
Direção e propósito
Acredito na potência de nos adaptarmos com agilidade ao novo — mas acredito, sobretudo, na importância de fazer isso com consciência.
Não se trata apenas de aprender rápido, mas de compreender profundamente o que esse novo cenário está nos pedindo como líderes e como pessoas.
Estamos em uma era em que o saber técnico precisa caminhar lado a lado com o autoconhecimento, a inteligência emocional e a visão sistêmica. A liderança do presente — e do futuro — exige não apenas competências novas, mas uma nova forma de estar no mundo.
Mais do que correr para acompanhar as mudanças, precisamos evoluir na forma como as enxergamos. Porque essa maturidade é a que diferencia o líder reativo do líder transformador.
Foto: Daniela Toviansky