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10/06/2024 - 17h43

Liderança nos tempos atuais

Em sua coluna, Marcelo Madarász fala do impacto da velocidade das mudanças e das novas competências

 

 

Por Marcelo Madarász*

 

 

Estamos quase na metade de junho de 2024 e muita gente continua com a percepção que o tempo tem passado numa velocidade cada vez maior. Junho é um mês de transição e renovação, marcando a chegada do inverno no hemisfério Sul e do verão no hemisfério Norte, e carregado de significados espirituais, simbolismos e tradições variadas.

 

Tanto a sensação da vertiginosa passagem do tempo quanto o aprofundamento no simbolismo do mês de junho podem ser estudados em milhares de páginas que em menos de um segundo conseguimos localizar dando uma busca na internet. Há milhões de versões sobre qualquer assunto que se queira em todos os campos.

 

Quando pesquisamos sobre um dos temas mais procurados, que é o desenvolvimento de liderança, além da profusão de material disponível, existem infinitas ofertas de cursos, desde aqueles clássicos, tradicionais e quase que fora de qualquer discussão (quase mesmo, pois unanimidade é praticamente impossível), até aqueles que mesmo as pessoas mais despreparadas conseguem ter dúvidas da eficácia.

 

É impressionante a capacidade humana de criar, tanto nos aspectos luminosos quanto nos sombrios, e, mais ainda, sua habilidade para distorcer algo que foi criado para um determinado fim, mas os oportunistas de plantão (e eles existem aos montes) conseguem desvirtuar e criar algo para tirar vantagem – a famosa Lei de Gérson que os mais velhos lembrarão.

 

Como se não bastassem todas as exigências que um líder precisa enfrentar, a velocidade das mudanças e as novas competências que passam a fazer parte da agenda do dia a dia podem contribuir sobremaneira para o aumento do estresse e a eterna sensação de nunca se conseguir acompanhar tudo que é necessário.

 

Isso já existia antes da pandemia, mas, para muitos analistas e estudiosos, houve um agravamento de alguns quadros a partir dela. Não por acaso, no Brasil, por exemplo, como cita o site da Universidade de São Paulo (USP), “a procura de estudantes por faculdades de Psicologia explodiu nos últimos anos. Na Fuvest, o vestibular mais concorrido do país, que seleciona candidatos para a USP, a carreira em Psicologia tornou-se a segunda disputada, perdendo apenas para Medicina. A concorrência deste ano para o curso de Psicologia do campus de São Paulo foi de 70,6 candidatos por vaga”.

 

Esse fenômeno não é exclusivo nosso. Na Universidade Yale, nos Estados Unidos, a disciplina Happiness and the Good Life é um fenômeno. Em um só semestre, cerca de 1.200 estudantes de graduação se inscreveram na matéria, batendo o recorde de alunos em mais de 300 anos de história da instituição. Como o nome sugere, a aula “ensina” felicidade aos estudantes.

 

Em tempos pós-pandemia e de vários elementos novos nos cenários das organizações, os líderes se veem frente a frente com ditas novas necessidades, como, por exemplo, as soft skills. Essas habilidades e competências ligadas ao comportamento humano envolvem aspectos emocionais, comportamentais e sociais que influenciam na forma como você se relaciona com os outros, se comunica, resolve problemas e se adapta às mudanças.

 

Se acrescentarmos ingredientes como ESG, DE&I e outros, parece que a receita está pronta para o líder ficar mais tenso ainda com tudo o que ele precisa desenvolver e nem sempre se vê preparado para. 

 

Novamente sem querer ser o profeta do apocalipse, muito pelo contrário, acredito que seja necessário em primeiro lugar estar em dia com o seu processo de auto-observação, seguido de autoconhecimento, conhecimento de seu propósito. E, antes de se desesperar com radicalismos, posições extremas e muitos modismos que sequestram a essência mais verdadeira das coisas, o caminho é o silêncio interior. A conexão com sua sabedoria interna e as dúvidas e angústias poderão de maneira muito equilibrada se dissipar trazendo luz às questões.

 

Leituras como a Gestão RH e participação em eventos, congressos, grupos de estudo e todas as iniciativas que contribuam para aumento de repertório e expansão de consciência podem ajudar muito também, mas, antes, valorize a sua sabedoria interna ao responder: isso faz sentido para mim?

 

Boa jornada para todos!

 

 

*Marcelo Madarász é diretor de RH Latam da Parker Hannifin

 

 

Foto: Marcos Suguio