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23/10/2023 - 18h01

RH Protagonista

Não haverá uma empresa bem-sucedida sem líderes bem-sucedidos, diz Marcelo Madarász em sua coluna

 

 

 

Por Marcelo Madarász*

 

 

 

Acabo de sair de um evento cujo público era principalmente a comunidade de Recursos Humanos. Esses eventos podem contribuir sobremaneira para trazer reflexões, provocações, aumento de repertório, diferentes pontos de vista, expansão de consciência. Como se diz, quem tem olhos de ver, que veja, e ouvidos de ouvir, que ouça. É muito interessante, depois de ouvir palestras e painéis, ter acesso ao que se diz após o evento e o que cada um compreendeu do que foi dito. É um exercício poderoso de observação, que remete também a um dos temas abordados no evento: da mesma maneira que há a Pirâmide de Maslow, que muitos de nós conhecemos, há uma escala de níveis de consciência usada tanto para os indivíduos quanto para as organizações.

 

Cada um de nós encontra-se num determinado nível de consciência e infelizmente nem todos conseguirão passar pelo processo que Jung chamou de individuação, que justamente define a passagem dos três primeiros níveis para os chamados níveis superiores.

 

A teoria de Richard Barrett, palestrante principal do evento, que escreveu A Organização Dirigida por Valores, entre outros, nos ajuda a compreender o porquê que as organizações voltadas para Valores são as mais bem-sucedidas do planeta. Ao ouvir os comentários sobre a palestra e o painel, você também consegue perceber que o que cada um ouviu, compreendeu, assimilou, traduziu revela como aquela pessoa interpreta não só o que foi dito, como a própria realidade. Isso parece óbvio, mas nem todos se dão conta e levam em consideração quando se analisa, por exemplo, o impacto do líder em seus liderados e na organização.

 

Um dos pontos preocupantes é: se o líder está operando num nível muito baixo, como poderá levar seu time e, por consequência, a organização para patamares superiores?

 

Outro ponto importante a ser levado em consideração está num campo mais sutil e vai muito além de discussões conceituais: aquele determinado líder está guiado por seu ego ou por sua alma? Se ele está sendo dirigido pelos medos e armadilhas do ego, vai criar entropia, outro conceito valioso para quem quer compreender cultura das organizações. “Entropia é um dos indicadores do assessment de cultura que mede a quantidade de energia consumida em trabalho improdutivo. É uma medida do nível de conflito, fricção e frustração existente em um grupo ou empresa. É uma das principais causas de desalinhamento cultural das empresas”. Isso te soa familiar?

 

Para todos que têm o desejo de se tornar um líder melhor, é imperioso lembrar-se que há um estágio anterior e mais abrangente – para ser um líder melhor, você precisa ser um ser humano melhor e, para isso, a auto-observação, o autoconhecimento, saber quais são suas crenças e se elas podem estar impedindo sua evolução, limitando a sua expansão de consciência, seus valores, seu propósito, são absolutamente fundamentais.

 

Temos ouvido muito, e nesse evento isso se repetiu, que é a hora de o RH ir para o palco, que agora é o momento de o RH efetivamente contribuir e ocupar seu espaço para além do estratégico. Oxalá isso seja verdade, mas, para tanto, é necessário compreendermos que, para ocupar essa posição protagonista, é necessário estar verdadeiramente preparado. Não ter medo de se mostrar vulnerável, assumir a sua condição humana é o que pode pavimentar essa necessária transição: de vítima para protagonista, do ego para a alma!

 

Não haverá uma empresa bem-sucedida sem líderes bem-sucedidos. Talvez outra grande reflexão seja: o que é mesmo ser bem-sucedido? Que cada um encontre sua resposta para essa questão! Você tem fome de quê?

 

*Marcelo Madarász é diretor de RH para América Latina da Parker Hannifin

 

 

Foto: Marcos Suguio