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17/07/2023 - 12h04

A hora da despedida

Em sua coluna mensal, uma homenagem de Marcelo Madarász a Rodrigo Pádua, CHRO da Stefanini

 

 

 

 

Por Marcelo Madarász*

 

 

 

No dia 13 de julho, a comunidade de RH e muitas organizações e pessoas que o conhecem, receberam a triste notícia do falecimento do Rodrigo Pádua, VP global de Gente e Cultura da Stefanini, reconhecido pelo Grupo Gestão RH como O RH Mais Admirado de 2022 da América Latina. Quem esteve presente na celebração, lembra-se de seu discurso emocionado, da sua paixão por pessoas. Há um consternamento e tristeza na despedida de uma pessoa tão querida, e muitas reflexões surgem a partir da interrupção de uma jornada de alguém tão jovem e com muitos planos para o futuro.

 

O fato é que, independentemente da idade, poucos de nós estamos preparados para lidar com a despedida da morte. Até mesmo o termo em si é polêmico e muitos procuram subterfúgios para encará-lo. Lembro-me da minha primeira grande perda e, certamente, cada um de nós traz em suas lembranças e memórias, momentos tristes, dolorosos, saudosos, da perda de alguém que amamos.

 

Também impactado pela notícia, mergulho em reflexões acerca da vida, da morte, da despedida recente e ainda tão dolorida de minha mãe e me recordo de algo que li e que me fez refletir muito: "É realmente um grande paradoxo cósmico que um dos melhores professores em toda a vida seja a morte. Nenhuma pessoa ou situação poderia lhe ensinar tanto quanto a morte tem para lhe ensinar. Enquanto alguém poderia te dizer que você não é o seu corpo, a morte te mostra. Enquanto alguém poderia lembrar-te da insignificância das coisas a que te apegas, a morte leva-as todas num segundo. Enquanto as pessoas te podem ensinar que homens e mulheres de todas as raças são iguais e que não há diferença entre ricos e pobres, a morte instantaneamente faz-nos todos iguais. A pergunta é ‘você vai esperar até esse último momento para deixar que a morte seja sua professora?’". Esse trecho do livro A Jornada Além de Si Mesmo, de Michael A. Cantor, faz uma pergunta que obrigatoriamente nos coloca para pensar – e de uma forma muito profunda.

 

Lembro-me claramente de um acidente aéreo de uma aeronave que saiu de Porto Alegre com destino a São Paulo, que provocou a morte de 199 pessoas em 2007 e o quanto isso mexeu com um grupo expressivo de pessoas que refletiram sobre suas vidas e o que cada um faz com um dos maiores tesouros que temos, que é o tempo. Passaríamos horas mergulhando em todas as questões que emergem a partir dessas situações extremas que nos chegam pelos noticiários ou, pior, com alguém que conhecemos e de quem gostamos, mas, para fazer um recorte importante, a reflexão que gostaria de propor é relacionada ao tema das escolhas que fazemos todos os dias.

 

Dado que nosso tempo aqui é finito e que temos que fazer escolhas todos os dias, estamos tendo sabedoria para fazê-las da melhor maneira e verdadeiramente dar valor ao que tem valor? Ou estamos nos permitindo o roubo e sequestro de nosso tempo com coisas absolutamente irrelevantes, supérfluas, que apenas nos permitem massagens temporárias de ego? Estamos fazendo a necessária travessia do ego para a alma e honrando cada segundo de nossa jornada terrestre? Que tenhamos cada vez mais esta sabedoria!

 

Curiosamente, na semana passada, recebi de uma amiga querida, uma frase do Fabrício Carpinejar: Nunca teremos tempo para nos despedir direito. Capriche nos encontros imperfeitos! 

 

Que assim seja!

 

Dedico ao nosso querido Rodrigo Pádua.

 

 

*Marcelo Madarász é diretor de Recursos Humanos para América Latina da Parker Hannifin

 

 

Foto: Marcos Suguio