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16/01/2023 - 10h03

Incenso ou peixe?

Confira a coluna de Marcelo Madarász, executivo de RH da Parker Hannifin, que inaugura 2023

 

 

 

Por Marcelo Madarász*

 

 

O título pode parecer estranho ao mundo organizacional, pelo menos numa primeira leitura. Fica aqui a primeira dica importante deste texto e do ano desafiador que se inicia. Cuidado com leituras rápidas, primeiras impressões e conclusões precipitadas – elas podem ser baseadas em algo muito superficial e, portanto, parcial. Um bom líder deve aprender a aquietar sua mente, convidar o silêncio a orientá-lo e desenvolver um olhar mais ampliado e aprofundado. Ainda há quem procure fazer divisões entre o mundo pessoal e o mundo profissional, mas sabemos tratar-se de uma falácia. Falácia, de acordo com a filosofia, é qualquer enunciado ou raciocínio falso que, entretanto, simula a veracidade. Algo bem atual, não é mesmo?

 

Um ponto importante pós-pandemia é justamente o de trazer as discussões pessoais pertinentes ao quadro de colaboradores à pauta do dia, à agenda da liderança, ao conjunto de cuidados aos quais a organização precisa dar atenção. Muitos desses elementos, se não todos, já estavam presentes antes, mas não eram convidados para o palco principal. Após todos os arranjos que se fizeram necessários para a adaptação à nova realidade, eles ganham força, importância e passam a integrar os conjuntos de cuidados da empresa, da liderança, do coletivo, sob o risco de se menosprezados, trazerem impactos negativos importantes ao clima organizacional, às tentativas de estabelecimento de um ambiente de confiança, com segurança psicológica, verdadeiro engajamento e desejo genuíno de contribuição e cooperação. O fato é que, à luz de discussões sobre estresse, burnout, saúde mental e psicopatologias, decisões de abandono de emprego, presenteísmo, absenteísmo, quiet quitting, etc., o jogo pede novas regras e, para fazê-las de forma adequada, há de se conhecer não apenas as regras atuais, as novas, mas principalmente o que cada jogador deseja, espera, precisa e como este conjunto precisará ser trabalhado para que a estratégia da empresa possa ser realizada, preferencialmente bem-sucedida e, dessa forma, a garantia do emprego ( ou pelo menos a tentativa de preservação) bem como a perenidade da organização possam existir.

 

Uma antiga escritura budista traz um ditado que diz: “papel enrolado em incenso tem cheiro de incenso, um fio de amarrar peixes tem cheiro de peixe”. Esse ditado, que é de uma grande sabedoria, nos faz pensar sobre o quanto somos influenciados pelo ambiente que nos cerca e, mais uma vez, trazendo isso para o coletivo, no qual nosso ambiente de trabalho também está inserido, quanto estamos permitindo que as melhores ou as piores influências estejam nos impactando? Estamos na turma do “quanto pior, melhor” ou na turma do “haja o que houver, se empenhe para contribuir com o bem coletivo e trazer o seu melhor”?

 

“Para quem só sabe usar martelo, todo problema é um prego”. Os desafios atuais mais do que pedem, exigem inovação e um novo olhar. Temos que sair da mesmice e nos desafiarmos, nos reinventarmos e, dessa maneira, verdadeiramente contribuirmos não apenas para a estratégia, mas com nossos propósitos e com a verdadeira missão da organização. Cuidado com escolhas e com tudo que vamos permitir que nos influencie.

 

“Todo mundo é Buda aos olhos de Buda e porco aos olhos de um porco”. Neste ano que se inicia, e sempre, desejo que suas decisões sejam as mais adequadas e que te levem à plenitude – em todos os campos de sua vida!

 

*Marcelo Madarász é diretor de RH para América Latina da Parker Hannifin

 

Foto: Marcos Suguio