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13/12/2022 - 08h00

A vida continua…

Nem sempre a vida segue nossos planos, por isso, viva aqui e agora, diz Marcelo Madarász

 

 

 

Por Marcelo Madarász*

 

Final do ano, mês de dezembro, época sempre propícia para o balanço do ano que está se encerrando e posterior planejamento para o ano novo, com as habituais resoluções para o período que se inicia, bem como aquelas promessas, que muitas vezes não são cumpridas. Há um ditado judaico que diz: A gente planeja e Deus ri. Mais do que reflexões a respeito dos fatos que ocorrem, independentemente da nossa vontade, há muitas lições que podemos considerar.

 

Você sonha com a vitória do seu país na Copa do Mundo e eis que, numa determinada sexta-feira, um país quase inteiro se mobiliza na torcida e de repente algo acontece ou deixa de acontecer, que muda todo o roteiro, inclusive a paralização dos trabalhos na semana seguinte, que simplesmente não acontecerá mais. Aconteceu algo que mudou todos os planos.

 

Quando pensamos nos casamentos, todos dão início à relação para a saúde e a doença, para as alegrias e tristezas, mas nem sempre as coisas são exatamente assim – muitas vezes, não são.

 

No ambiente de trabalho, você até pode ter pedido demissão do seu trabalho por julgar que a proposta recebida é muito atraente e, no conjunto da obra, valeria a pena romper o vínculo e abraçar o novo desafio. O fato é que pode dar certo, como pode não dar, ou melhor, pode dar certo por um período que pode ser muito longo, quase uma vida inteira, ou não – pode durar algumas semanas, alguns meses, alguns anos. Um dia, quando você menos espera, normalmente é convidado para uma conversa surpresa e, ainda que você leve seu caderno de anotações para registrar o que seu gestor lhe pedir, pode acontecer que a conversa seja outra e a partir desse dia, você não precisará mais tomar notas durante as conversas, simplesmente porque elas não acontecerão mais – você deixa de fazer parte do quadro de colaboradores da organização.

 

Assim é a vida. Se aprofundarmos ainda mais, você pode achar que seus pais vão durar para sempre e muitas vezes agir como se isso fosse uma realidade. Até o dia que o destino se cumpre e eles se vão, deixando um coração partido. Foi assim com minha mãe, no triste mês de novembro.

 

Em todas essas circunstâncias da vida e em muitas outras, mais uma vez, está em nossas mãos a decisão do que faremos com isso que a vida está nos apresentando. É importante o autoconhecimento e refletir sobre o ocorrido, sentir tudo que for necessário e, na medida do possível, elaborar para conseguir fazer a travessia. Na derrota do time, no diagnóstico de uma doença, na perda do emprego, na separação, na morte dos pais ou em qualquer outro acontecimento que te coloca frente a frente com a dor, como fazer essa travessia e continuar? Como não se vitimizar ou como não desmoronar?

 

Além do autoconhecimento e da conexão com o que você pode ter de mais sagrado, com o seu propósito ou o legado que seus pais lhe deixam, a boa pergunta é: como honrar o tudo que você viveu, aprendeu, conquistou, e permitir que essa conexão te fortaleça para prosseguir?

 

Se você pode olhar para trás e ter a certeza de ter dado o seu melhor, seja naquela relação, seja no emprego, boa parte da força virá daí. É por esse motivo, que sem ser piegas, e aprendendo com as regras do aqui e agora, cada minuto da vida deve ser encarado como um milagre que jamais poderá ser repetido. Outros momentos virão, mas não mais aquele no qual você teve a oportunidade de viver com plenitude e qualidade de presença.

 

Cada minuto é único e deve ser saboreado, gozado, vivido em toda a sua grandeza e dimensão. A dedicação ao trabalho, a atenção, carinho, respeito, generosidade, compaixão, amor devem permear as relações. Você nunca sabe o que lhe reserva o instante seguinte e a única forma de honrar a sua vida é entregar-se de corpo e alma em tudo o que faz, em tudo o que faz sentido para você.

 

Dedico este artigo à minha mãe, que me deu à luz e com quem aprendi a ser quem eu sou. Desejo a todos boas festas, um feliz ano novo e que tudo possa ser vivido em sua plenitude!

 

*Marcelo Madarász é diretor de RH para América Latina da Parker Hannifin

 

 

Foto: Marcos Suguio