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18/10/2022 - 12h07 Artigos

Eis que chega a roda-viva

Em situações inevitáveis, cabe a cada um o protagonismo da escolha, diz Marcelo Madarász em sua coluna


 

 

 

Como diz esta famosa canção escrita em 1967 por Chico Buarque, a gente quer ter voz ativa, no nosso destino mandar, mas eis que chega a roda-viva e carrega o destino pra lá. Escrita num contexto político daquele momento, não é esse o recorte que pretendo fazer, de um modo ou de outro, parece que estamos todos fatigados do tema. Pensemos na música e em seu paradoxo, embora seja chamada de viva, a roda a qual o autor se refere nos remete à pulsão de morte, ou da finitude, da impermanência.

 

Podemos lembrar também do sábio ditado popular: não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe. Uma leitura superficial pode nos levar a um equívoco: já que não conseguimos ter voz ativa, abandonemos pois o protagonismo. Cuidado com essa armadilha. O que a vida nos exige hoje e sempre, e principalmente em momentos cuja tensão aumenta por um motivo ou outro, é a lucidez, o equilíbrio, a sensatez, o saudável caminho do meio.

 

Há situações (muitas) que acontecerão e são absolutamente inevitáveis e fora de nosso controle, e caberá a cada um de nós fazer escolhas acerca da forma de reagir. Acidentes de percurso, a noite escura da alma, os acidentes ou incidentes fazem parte da jornada humana. Doenças, separações, perdas – no sentido mais amplo possível, das pessoas que amamos, do emprego, dos bens materiais, da saúde, do status, do cargo, do carro, do padrão de vida arduamente conquistado e de uma lista infinita de coisas, a morte tal qual a conhecemos. Não quero tornar essas reflexões pesadas, mas justamente por falarmos desse lado da moeda, chamar atenção para o valor de cada pequeno segundo que vivemos e do quanto ele pode ser percebido, sentido, encarado e valorizado como uma benção, um presente, um milagre que não poderá ser repetido. Isso pode mudar completamente a sua perspectiva daquilo que lhe ocorre.

 

Pós-pandemia, um dos efeitos sobre o qual muito se fala hoje é o quiet quitting, traduzido por “demissão silenciosa, sendo essa uma aplicação do work-to-rule, na qual os funcionários trabalham dentro do horário de trabalho definido e se envolvem em atividades relacionadas ao trabalho, apenas dentro desse horário”.

 

Não à toa, esse fenômeno começa a ganhar destaque no conjunto de coisas que fazem parte do contexto pós-pandemia. Novamente, podemos perceber esse fenômeno em sua dimensão positiva e em seus aspectos negativos. A pergunta que deve ser feita é: você está feliz no trabalho? Ele te faz bem ou as segundas-feiras são sentidas como trágicas? Essa reflexão pode revelar um processo de ruptura necessária e saudável ou uma grande convocação para que uma transformação (mais profunda que uma mudança) radical possa ter início.

 

Melhor enfrentar a dor dessa travessia, sabendo que, ao término dela, algo muito melhor pode acontecer do que entregar-se e permitir que sua vida simplesmente passe e você desperdice o seu bem mais precioso: o tempo.

 

Lembrar-se da finitude poderá fazer com que você verdadeiramente valorize cada segundo e, portanto, não permita que sua vida tenha sido em vão. Que o seu legado possa honrar sua existência – pessoal e profissional. Boas escolhas! Para todos nós!

 

Foto: Marcos Suguio

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