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17/08/2022 - 10h45

É possível ser accountable?

A consultora Regina Campilongo analisa como é possível atingir o protagonismo no cotidiano

 

 

 

 

Quando nos referimos a accountability a primeira pergunta que surge é: O que exatamente significa? Não existe uma tradução única para a palavra e o significado que mais se aproxima dela é protagonismo. O protagonismo vai além da autorresponsabilidade, ele conecta o sentimento de dono, o comprometimento, o envolvimento do outro e, neste contexto, nos leva ao resultado. Pessoas responsáveis pelo alcance do resultado são chamadas accountable.

 

Somos responsáveis por nossos comportamentos e resultados, sejam eles positivos ou negativos. O grande desafio é reconhecer, frente aos resultados negativos, a nossa parcela de responsabilidade, pois, nesses casos, a nossa tendência é seguirmos o caminho da negação, buscando os culpados e nos vitimizando.

 

Segundo Craig Hickman, Roger Connors e Tom Smith consultores e escritores do livro O princípio de Oz – Como usar o accountability para atingir resultados excepcionais, os comportamentos estão divididos acima da linha e abaixo da linha. Acima da linha estão comportamentos que incluem responsabilização, definição clara de resultados, definição clara dos procedimentos, foco para agir e informações para uma análise sincera de cenários complexos. Abaixo da linha refere-se a comportamentos, como omissões e não cumprimento de combinados, ansiedade para encontrar algum culpado externo, desculpas, dramatização, valorização da narrativa do fracasso e pouca atitude.

 

Os comportamentos abaixo da linha estão vinculados a desculpas, acusações, confusão e a uma atitude de impotência, e nos remetem a um ciclo de vitimização.

 

Os estágios do ciclo da vitimização estão ligados diretamente com a negação e passam por seis estágios:

 

1) Fingir que o problema não existe;

2) Esse não é o meu trabalho;

3) Apontar culpados;

4) Confusão: não saber o que fazer e usar desculpas;

5) Tirar o seu da reta: usar história e dados para justificar que não são culpadas;

6) Esperar para ver;

É bom deixar registrado que o excesso de vitimização explode em ações como: acusar, negar, ignorar, fingir e postergar.

 

O primeiro passo para ações accountable é saber se você está em um ciclo de vitimização, o segundo é construir um plano de mudança de comportamento e o terceiro, agir. Como descobrir se estou repetindo comportamentos dentro do ciclo da vitimização?

 

Responda:

 

Qual é a minha reação frente a um feedback corretivo?

1) Eu nego

2) Eu reflito

3) Crio um plano de ação corretivo

 

Como reajo ao não cumprimento de uma tarefa?

1) Busco uma justificativa

2) Busco entender o que aconteceu

3) Busco uma alternativa e sigo em frente

 

O que faço quando não sei como fazer algo?

1) Espero alguém oferecer ajuda

2) Busco alguém para me ajudar

3) Busco aprender

 

O que penso quando pedem para que eu faça algo?

1) Não sou pago para fazer isso

2) Não sei se dou conta, mas vou testar

3) Deixa comigo

 

O que faço quando algo dá errado?

1) Busco o culpado

2) Busco uma explicação

3) Corrijo e sigo em frente

 

Caso as respostas sejam “igual a 1”, você se encontra em um ciclo de vitimização. Os comportamentos acima da linha vinculam-se a um senso de realidade, de propriedade, de comprometimento, de resolução de problemas e de ação determinada, remetendo-nos ao accountability e o caminho para comportamentos acima da curva segue quatro passos e começa com a clareza do objetivo a ser alcançado:

 

► Perceba. É preciso coragem para perceber se está jogando o jogo da culpa. O que estou escolhendo não perceber?

 

 Aproprie-se. Tendemos a assumir o crédito quando as coisas vão bem e a nos distanciar quando vai mal. Qual é o problema existente que não quero ver?

 

► Resolva. A falta de atitude para resolver o problema gera a vitimização. Então, tome a iniciativa, esteja presente e busque uma solução. Seja persistente e conecte ideias aparentemente diferentes.

 

Execute. A diferença entre resolver e fazer é o que difere um indivíduo de sucesso e um de insucesso. O que posso colocar em prática hoje para resolver o que precisa ser resolvido?

 

Na prática, substitua o “isso não é possível” pelo “como podemos”?

 

Olhe para o futuro e desapegue-se do passado.

 

 

*Regina Campilongo é conselheira TrendsInnovation do Brasil e fundadora da Moving Forward, empresa de consultoria e treinamento

 

 

Foto: JP Mubarah