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23/06/2022 - 16h46 Artigos

O saudável caminho do meio

A polarização de ideias e ideologias pode ter um resultado muito pobre, diz Marcelo Madarász em sua coluna mensal


 

 

 

Por Marcelo Madarász*

 

 

 

Temos repetido com uma certa frequência que o Brasil não é para amadores. Podemos aplicar a frase também ao mundo organizacional e, definitivamente, ao papel do líder. Do líder muito é exigido e mais do que nunca se faz necessário salvaguardar a lucidez e um equilíbrio interno muito grande, ao risco de se perder em exigências muitas vezes desprovidas de um significado maior, em ações que podem nos levar do nada ao lugar nenhum. Como diz o Rabino Nilton Bonder, quantos de nossos esforços são oferendas ao nada?

 

Estamos assistindo diariamente uma polarização de ideias e até mesmo de ideologias cujo resultado pode ser muito pobre. Por conta do politicamente correto ou daquilo que se acreditar ser isso, muitas pessoas estão embarcando numa superficialidade e valorização do rótulo, da aparência, do mais fácil em detrimento daquilo que verdadeiramente importa. As pessoas com mais consciência querem a inclusão de minorias (ou ditas minorias) na vida econômica, política, social, ou seja, da forma mais abrangente possível, mas mudanças no plano simbólico ou da fala podem realmente empobrecer a discussão e a própria causa.

 

Algumas expressões estão colocadas nas novas regras de uma espécie de santa inquisição às avessas, muitas vezes ignorando a origem da expressão agora condenada: denegrir, judiar, fazer nas coxas, criado-mudo, mercado negro, lista negra e assim por diante. Uma infinidade de expressões agora condenadas. Não é o objetivo discutir uma a uma, mas, por exemplo, denegrir, que foi tema inclusive de uma paupérrima colocação numa rede de televisão, vem do latim denigrare, de origem romana que não tem absolutamente nada a ver com cor de pele, mas assim os novos inquisidores estão se colocando. Veem ofensas onde não existem. Novamente essa discussão, que pode ser bastante polêmica e, portanto, suscitar paixões de um lado e de outro, pode ser infinita e não é nosso objetivo, mas igualmente condenável é a tentativa chula de criação de uso de pronomes neutros para tirar as marcas de gênero, o que supostamente teria a ver com inclusão de pessoas que não se identificariam com o binarismo homem – mulher, ou seja, em vez de ele ou ela, seria usado elu. A mesma coisa em relação ao uso “criativo” e incorreto de todos, todas e todes. Todes não existe. Longe de querer criar mais uma polêmica absolutamente desnecessária, gostaria apenas de colocar um ponto de vista: respeito, inclusão, valorização da diversidade, empatia, amor não têm nada a ver com lacração ou invenção de palavras que não existem, mas que permitem a permanência no lugar raso, pobre, superficial.

 

Seria por acaso uma expressão mais importante que todas as ações que verdadeiramente contribuam para um mundo melhor?

 

Como disse Ralph Waldo Emerson, um escritor e filósofo americano, “Suas atitudes falam tão alto que eu não consigo ouvir o que você diz”. Para tentar dar alguma luz aos líderes, que tal se, ao invés de preocupações com as tentativas hercúleas de acompanhar assassinatos de línguas e regras para acompanhar o “politicamente correto” e as lacrações, bem como discussões que roubam a atenção e o foco daquilo que verdadeiramente importa, cada um se comprometesse com a criação de um mundo mais justo?

 

Um mundo com igualdade de oportunidades e de verdadeiro acolhimento – com empatia, ética e amor – permeando as relações e as dinâmicas humanas para muito além de palavras que se pretendem grávidas de boas ideias, mas só contribuem para um abismo ainda maior entre as pessoas?

 

Que tal a construção de pontes e não de muros? Que tal nos mantermos fiéis à essência e fazermos a travessia do ego para o eu, para a alma, para o que temos de mais nobre e muito acima do raso, fútil e superficial?

 

No dia em que cada um estiver imbuído do genuíno desejo de um mundo melhor e sair da intenção e agir, talvez possamos começar a pavimentação para este mundo com o qual sonhamos.  Façamos verdadeiramente a nossa parte!

 

*Marcelo Madarász é diretor de RH para América Latina da Parker Haniffin

 

Foto: Marcos Suguio

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